Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | PEC do semipresidencialismo já tem apoio para tramitar

Hugo Motta sinaliza apoio ao semipresidencialismo | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Em apenas quatro dias, a PEC do semipresidencialismo obteve as assinaturas mínimas para começar a tramitar. Precisava do apoio de, no mínimo, 171 deputados. Tinha na manhã desta quarta-feira (5) 178 assinaturas de apoio. E um de seus autores, Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR) pedia novas adesões. A PEC é proposta por ele e pelo deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), filho do ex-deputado Bonifácio de Andrada, que foi o autor do projeto original há mais de vinte anos. A PEC foi apresentada pelos dois no sábado, quando o Congresso se reuniu para eleger seus novos comandantes. E a adesão acelerou especialmente depois que o novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou apoio a ela.

 

Congresso forte

Seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL), também já sinalizava esse apoio. É reflexo de um tempo de Congresso forte e governo fraco. A PEC propõe uma divisão: o presidente da República vira somente chefe de Estado, e um primeiro-ministro assume de fato o governo.

Embate

O início dessa discussão começa a mostrar que o ano não será exatamente um refresco para Lula. Se Lula recuperar sua popularidade, a ideia do semipresidencialismo pode acabar arquivada. Mas se seguir na atual escalada de perda de protagonismo, ela pode avançar.

Um ano decisivo para os futuros de Lula e Bolsonaro

Reflexo de Congresso forte e governo fraco | Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Os primeiros ensaios do embate político nesta primeira semana de Congresso Nacional mostram como 2025 tende a ser um ano decisivo para os futuros tanto de Lula quanto do seu principal antagonista, o ex-presidente Jair Bolsonaro. A oposição aposta em avançar com a ideia de anistia aos condenados pelo 8 de janeiro. Que, no fundo, tende a ser uma anistia a Bolsonaro. Já o governo e a esquerda trabalham para barrar de todas as formas o avanço dessa anistia. Diante disso, a oposição já encontrou um caminho alternativo, com a modificação do tempo de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa, de oito para dois anos.

Sinalização

Com uma sinalização de Hugo Motta no sentido de que oito anos talvez fosse mesmo um tempo muito longo. No fundo, porém, a manutenção das esperanças de Bolsonaro de voltar ao páreo não é uma má notícia para os planos de Lula em 2026, porque paralisa a direita.

Embola

Enquanto Bolsonaro imaginar que pode voltar ao jogo, a opção à direita fica embolada. A pesquisa Quaest divulgada na segunda-feira (3) é cristalina nesse sentido. Pelo campo da esquerda, Lula é o único nome. Pelo campo da direita, há vários possíveis candidatos.

No limite

A pesquisa da Quaest mostra Lula no limite da rejeição. Segundo ela, 49% dos entrevistados não votariam no presidente. Se a direita, talvez, conseguisse se aglutinar em uma só alternativa, talvez tivesse chances de vencer Lula. Está, porém, dividida.

Alternativa

É o que faz alguns apontarem que talvez a situação possa gerar uma alternativa de poder fora da polarização. No fundo, é nisso que aposta o presidente do PSD, Gilberto Kassab. Mas esse caminho poderia não se dar na eleição de um presidente, mas de um primeiro-ministro.