Como contamos por aqui, e a própria prática mostrou, as mudanças ministeriais por enquanto no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se resumiram à troca de Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação da Presidência. Havia uma expectativa de que a mudança desse início a outras, ainda antes da eleição e posse dos novos comandos da Câmara e do Senado. Elas não aconteceram. Porque, como dissemos, Lula não tem hoje a menor segurança de que garantiria mais apoio dos partidos da sua base, especialmente do Centrão, caso lhes desse mais espaço. Isso, porém, não significa que Lula não considere mais trocar ministros. Tais conjecturas continuam, e mudanças podem vir logo.

O incrível é que as novas mudanças podem começar pelo campo petista do governo. Lula chamou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para uma conversa na terça-feira (28). Cogita dar a ela o cargo de ministra da Secretaria-Geral da Presidência, no lugar de Márcio Macêdo.

A Secretaria-Geral é o órgão que dialoga com a sociedade civil. E a avaliação é que hoje o governo está com canais falhos nesse diálogo. A ideia é que Gleisi pode fortalecer esses laços, especialmente com a militância do próprio PT, o partido do próprio Lula e o principal do governo.

Houve um tempo em que a capacidade de mobilização da sociedade era o principal ativo do PT. Isso mudou no tempo das redes sociais. Lula quer de novo ter essa capacidade de mobilizar a militância a seu favor. Mas a entrada de Gleisi pode acentuar outros problemas. Ela é uma das principais críticas à política fiscal que vem sendo adotada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Chegou a classificar essa política de "austericídio". Sua ideia, portanto, para o entorno de Lula no Planalto pode acabar enfraquecendo mais Haddad em um momento que já não anda favorável para ele após a crise do Pix. Haddad começa a perder espaço.

Gleisi não nega as conversas com Lula. Mas diz que não houve ainda convite oficial. A partir das mudanças, outras poderiam acontecer. Alexandre Padilha poderia dar lugar a Isnaldo Bulhões (MDB-AL) na Secretaria de Relações Institucionais, hoje de Alexandre Padilha.

Nessa hipótese, Alexandre Padilha poderia ir para a Saúde, ministério que já ocupou no governo Dilma Rousseff. Na hipótese, deixaria a pasta Nísia Trindade. Ela, porém, tem apoiadores. Um, importante, é a esposa de Lula, Janja da Silva. O cargo é cobiçado pelo Centrão.

Circula também que o destino do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), seria o Ministério da Agricultura. Levar Lira para dentro do governo pode ser importante para o governo. Ele seguirá com comando sobre o Centrão. Poderia ajudar a acalmar a base.

Nada disso, porém, está fechado. E nada aconteceu, como dissemos, pelas desconfianças de Lula. As declarações do presidente do PSD, Gilberto Kassab, de que ele não venceria a eleição hoje, só reforçam. Mais ministérios, assim, não significam maior adesão.