Uma questão tem sido colocada constantemente nas rodas mais influentes de Brasília: a quem interessa o enfraquecimento do Supremo Tribunal Federal (STF)? A artilharia direcionada aos ministros Alexandre de Moraes e Dias Toffoli tem sido tão sincronizada que não é possível que tenha ocorrido por osmose. O vazamento é seletivo. Muito semelhante ao que ocorreu durante o período da Lava Jato. O ‘modus operandi’ é o mesmo e utiliza os mesmos canais de comunicação. Quem entrar nos arquivos de O Globo e da TV Globo vai identificar a mesma cadência de notas, vazamentos, informações de bastidores que ocorriam no auge da Lava Jato. A turma de comentaristas da GloboNews e os colunistas são os mesmos. Esta semana chegaram a colocar na mesa a possibilidade de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Quem imaginaria algum dia ouvir Merval Pereira, que acumula a presidência da Academia Brasileira de Letras,tocar nesta hipótese?
O grande arqui-inimigo da Globo sempre foi Jair Messias Bolsonaro, que nunca se curvou à emissora e se elegeu combatendo-a. Na Lava Jato, Sergio Moro era herói e Lula bandido. Agora sem o Messias da direita na cadeia e fora da eleição de 2026, estão usando a mesma técnica com o seu algoz. Exatamente o que fizeram com Eduardo Cunha pós-impeachment de Dilma Rousseff.
Nesta terça, 23 de dezembro, o jornalista Luis Nassif, na sua coluna no Jornal GGN, questiona e faz um alerta sobre as denúncias da conversa do ministro Alexandre de Moraes com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, sobre o Master, revelada pela jornalista Malu Gaspar e amplificada pelo noticiário global. Afirma Nassif: “É preciso cautela nessa história. Ainda mais sabendo-se do interesse de setores ligados à Lava Jato de desviar o foco das atenções em um momento crítico para a operação. O que se teme das revelações da Lava Jato?".
Nassif vai na mosca: a turma da Lava Jato. Para compreender esta turma é importante relembrar uma conversa que o então recém nomeado Diretor-Geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, teve no gabinete do Ministro da Justiça, Flávio Dino e do secretário Executivo da pasta, Ricardo Capelli. “Com quantas pessoas de confiança podemos contar na PF Andrei?". Ele responde: “Pelo menos duas. Estamos divididos. Metade da PF é lavajatista e metade é bolsonarista".
É só mapear o quadro de dirigentes escolhidos por Andrei e o currículo de cada um, para chegar à conclusão da sua opção pelos lavajatistas. Ganha um picolé de Pequi quem adivinhar quem vazou o contrato da advogada Viviane de Moraes e as conversas de celular nas quais o dono do Banco, Daniel Vorcaro, pedia prioridade a esse pagamento.
Sobre o encontro de Moraes com os banqueiros, a própria Malu Gaspar fez um registro no auge da Magnitsky. A coluna MAGNAVITA, do Correio da Manhã, no dia 9 de de agosto, fez um raio-x do almoço, publicado com o título “André Esteves e Rodrigo Maia fazem trincheira para defender Alexandre de Moraes da Magnitsky”.
Na notícia, a coluna MAGNAVITA revelava: “Americanos se irritam com a tentativa de burlar os efeitos da aplicação da lei aplicada por Trump contra ministro do STF
Será que esta turma de brasileiros endinheirados ligados aos grandes bancos nunca ouviu falar de uma tal de CIA? Só os incautos acham que Alexandre de Moraes, ao virar alvo da Magnitsky, não está sendo monitorado do tipo: onde vai e com quem fala ? Eles deveriam apenas visitar o site: https://www.cia.gov e lembrar que existem adidos de inteligência lotados nas embaixadas e consulados norte-americanos no mundo. Não lembram que os telefonemas da ex-presidente Dilma Rousseff foram gravados? A denúncia foi feita em 2013, a partir dos documentos divulgados por Edward Snowden no programa Fantástico, da Rede Globo. Snowden foi funcionário da Agência de Segurança Norte-Americana.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, que abandonou o Rio por São Paulo e agora é o representante da 'Faria Lima' em Brasília, está fazendo valer cada centavo que recebe das instituições financeiras para qual faz lobby, com o pomposo cargo de Presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF).?Rodrigo, nascido no Chile, quando seu pai, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, estava exilado em Santiago, promoveu um almoço na sua mansão em Brasília, pago pela Confederação, reunindo os ministros do Supremo Tribunal Federal - STF, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, com vários banqueiros, especialmente André Esteves, do BTG, padrinho de Maia e o idealizador da nomeação do ex-deputado para este lobby.?O que seria um encontro privado, mas que entrou no radar da Embaixada Americana em Brasília, ganhou dimensão pública, com a notícia publicada pela Bela Megale, no seu blog.
Aliás, a coleguinha tem o ministro Gilmar Mendes como fonte privilegiada. Só que, para os americanos, já era notícia velha. A irritação da Embaixada Americana, e já reportada a Washington, é a tentativa dos bancos brasileiros de driblar os efeitos da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, a figura central do almoço capitaneado por André Esteves e seu assecla Rodrigo Maia, na tentativa de criar uma trincheira de defesa.?O que torna a reunião explosiva para os americanos e a turma brasileira em Washington, leia-se Eduardo Bolsonaro, foi a presença do Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, e, especialmente, do Advogado-Geral da União - AGU, Jorge Messias. Este último, o proponente da contratação pela AGU de advogados americanos para barrar na justiça dos Estados Unidos a inclusão de Alexandre de Moraes na Magnitsky.”
Vale lembrar que estavam naquele almoço os maiores arquitetos da explosão do Master. Colocar o banco do Vorcaro nesta conversa seria impossível. Aliás, os comentaristas da GloboNews, depois da nota divulgada pelo ministro Alexandre de Moraes e também por Gabriel Galípolo, recuaram, afirmando ser difícil defender o Master na presença de banqueiros.
Na mesma coluna do dia 09 de agosto, ou seja, com distanciamento do cenário construído hoje pelas alusões de Gaspar e suas seis fontes, exatamente o número de convidados de Rodrigo Maia, o Correio da Manhã publicou: “Dos grandes bancos presentes, só Esteves teria feito coro com Jorge Messias. A sintonia entre os dois tem sido produtiva. Recentemente, a AGU se desdobrou no Tribunal de Contas da União para justificar a operação prioritária que a Caixa fez do Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS) beneficiando o BTG e os títulos que comprou do finado Banco Nacional. Um “negocinho” de R$ 8 bilhões de lucro”.
A coluna, naquele dia, finalizava: “André Esteves, sem trocadilhos, esteve também no Palácio do Planalto nesta sua ida a Brasília. Banqueiro sempre cobra caro por algum gesto colaborativo e, principalmente, para defender o cartel que os grandes bancos criaram”.
O almoço não foi organizado para tratar de um problema pessoal de um ministro do STF, antes que se discuta aspectos éticos do encontro. A decisão de incluir ministros da Suprema Corte na Magnitsky foi uma pressão externa coagindo o judiciário brasileiro. Uma nação estrangeira interferindo em assuntos internos de outro país e pressionando um dos seus poderes.
O cenário hoje é aparentemente bem diferente do desespero de agosto. Alexandre de Moraes foi excluído da Magnitsky; André Esteves foi recebido pelo presidente do BC norte-americano; Donald Trump ficou amiguinho de Lula; Eduardo Bolsonaro perdeu o mandato; Jair Messias Bolsonaro está preso e condenado há quase três décadas de cadeia; e o Banco Master foi liquidado. Continua, porém, a essência de algumas coisas. O grupo lavajatistada PF continua com os vazamentos seletivos, só que mudando o alvo. Querem enfraquecer o STF com o qual objetivo? Como perguntou Luís Nassif: “O que se teme das revelações da Lava Jato?”