Algo de muito perigoso na artilharia pesada do jornal O GLOBO contra o ministro Alexandre de Moraes: a criminalização da advocacia. Utilizar um contrato formalmente legítimo, de um cliente com o seu patrono, com cláusulas específicas de contrapartida para fazer ilações de suspeição, é grave.
Parecido com essa atitude foi a decisão do então Juiz Federal Marcelo Bretas, hoje afastado, que determinou busca e apreensão em mais de 40 grandes escritórios de advocacia do país, bloqueio de contas bancárias, promovendo um colapso administrativo nas maiores bancas do Brasil e violando a sagrada relação cliente e advogado.
Existem números milionários na advocacia, principalmente no ad exitum. Causas que tornaram advogados milionários com os seus honorários. Se olharmos por este prisma, os valores pagos pelo Master ao escritório Barci de Moraes Associados são proporcionais ao tamanho e às cifras do problema que a instituição financeira atravessava.
Como advogado, o governador de Brasília, Ibaneis Rocha, ficou milionário ao vencer uma causa de uma categoria de servidor. Que crime há nisso? Outro escritório tem sido crucificado por ajudar municípios a receberem royalties de Petróleo que foram excluídos. Investem em estudos, pesquisas e conseguem prevalecer direitos que foram esquecidos.
Punir parentes pelo exercício de uma atividade profissional, só por laços consanguíneos, é uma violência, principalmente, quando as causas ficam bem longe do universo de influência.
É comum que médicos casem com médicos, que advogados casem com advogados, que filhos sigam a carreira dos pais. Cercear a liberdade profissional de parentes é negar a existência de impedimentos legais, morais e éticos. A própria Ordem dos Advogados do Brasil tem um Código de Ética rígido, que coíbe abusos.
Cabe também à própria imprensa fiscalizar. Fiscalizar não significa fazer ilações por laços consanguíneos. A lei já restringe, em todas as instâncias, que um cônjuge que virou magistrado julgue processos relacionados a parentes.
Por mais que a direita tenha o ministro Alexandre de Moraes como adversário, é preciso ter parcimônia em sair atirando pedra. Neste componente de suspeição, há também o elemento inveja. Um honorário vultuoso, em um país católico, que demoniza o sucesso financeiro e faz culto à pobreza, vira pecado. Em um país protestante, no qual o empreendedorismo é aplaudido e o lucro é honrado, ele ganha aplausos, desde que seja dinheiro lícito, formalmente declarado e com pagamento de impostos. Aliás, no contrato vazado por Malu Gaspar, em O Globo, todo o recolhimento tributário é listado até o último centavo.
O que está em jogo não é o valor recebido, mas a conduta de quem recebeu. O Correio da Manhã denunciou no passado que Helena Witzel recebeu honorários mensais de R$ 20 mil de uma empresa que foi beneficiada pelo seu marido, o então governador Wilson Witzel. Dobrou a renda familiar, mas ela entrou na zona perigosa do marido para beneficiar o cliente. O pecado existia e morava ao lado. No caso da esposa de Moraes, não há relação direta dele com o Master ou qualquer processo que envolvesse o STF.
Criminalizar a advocacia ou listar como suspeitos parentes de juízes, desembargadores, ministros do STJ, STF, só pelo pecado do laço consanguíneo é criminalizar a advocacia. As relações matrimoniais surgem na convivência nos mesmos ambientes, sejam na faculdade ou na vida forense no caso de advogados. Deixar de advogar só porque um cônjuge entrou para a magistratura ou punir um filho que quis seguir a carreira do pai ou da mãe na advocacia é permitir que a manta de suspeição sobressaia à razão.
Quem foi juiz em uma pequena cidade do interior sabe como é importante separar a amizade da toga. Conviver em uma sociedade, na qual não se mistura laços de amizades e parentescos, é o exercício da magistratura. Sempre a ética prevalece para se manter o respeito e autoridade.
Vale lembrar também que empresas em dificuldades possuem altos custos jurídicos. Em crise, a Varig gastava mais com honorários do que o leasing de determinadas aeronaves de grande porte. Contratar advogado e negociar honorários não é crime. Quanto a Globo pagou de honorários para se livrar dos problemas da Telemontecarlo na justiça italiana ou para se livrar dos problemas bilionários com a FIFA?
Aliás, o exemplo do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, se aplica para o que ocorreu nesta semana de dezembro de 2025. Em um programa Roda Viva da TV Cultura, o hoje demonizado Roberto Jefferson afirmou aos jornalistas, entre eles Eliane Cantanhêde e Augusto Nunes, que, depois de ter aprovado a instalação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Eduardo Cunha seria afastado e punido. "Ele não era mais útil, tinha cumprido a sua missão", afirmou Jefferson. Algo parecido soa com Alexandre de Moraes. Ele já cumpriu sua missão, já não é mais útil, tirou Bolsonaro da eleição de 2026 e o colocou na cadeia. Será que Alexandre de Moraes já cumpriu a sua missão e deixou de ser útil? Está na hora de ser descartado como fizeram com Cunha?
Quem são os inimigos de Alexandre de Moraes que estão no poder ou que alimentam financeiramente os que estão no poder? Quem está agora no poder e tem medo da sua toga inquisidora?
Esta imolação que O Globo promove a Moraes não é gratuita. É fruto de um vazamento orquestrado de documentos apreendidos na Operação Compliance Zero. Aliás, nome sugestivo aos fatos vazados agora. Quem está por trás do vazamento?
Quem são as fontes e amizades íntimas da jornalista Malu Gaspar que querem ver o ministro Alexandre de Moraes na sarjeta, seja por vingança, vaidade ou ódio? Quem promoveu este ataque coletivo ao Supremo Tribunal Federal, que agora macula a outros ministros? Só quem foi ministro da Justiça sabe como estes vazamentos ocorrem e como funcionam as entranhas da Polícia Federal. No STF hoje, existem dois ex-ministros da pasta. Será fácil descobrir de onde partiu a campanha para afetar a imagem da Suprema Corte, ocorrida sincronizadamente depois da condenação de Bolsonaro e ajeitar 2026 para a reeleição do Lula04. A quem interessa um STF servil?