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PINGA-FOGO

MASTER FOI LIQUIDADO NA VÉSPERA DE REPASSAR R$ 3 BILHÕES DE PRECATÓRIOS PARA O RIOPREVIDÊNCIA - A liquidação do Banco Master ocorreu na véspera da solução do caso do Rioprevidência. O contrato que repassava para o instituto R$ 3 bilhões em precatórios, que com deságio cobriria os R$ 960 milhões. Os investimentos em Letras Financeiras do Banco Master foram realizados entre novembro/2023 e julho/2024, seguindo todos os ritos formais e inteiramente enquadrados na Resolução CMN nº 4.963/2.021. Naquele período, essa posição representava apenas 4,5% do total dos recursos do Rioprevidência e seguiu à risca os limites do Plano Anual de Investimentos aprovado previamente pelo CONAD.

A primeira reação do Governo do Rio foi tranquilizar os inativos que foram bombardeados pela desinformação da mídia - que falava em uma exposição três vezes maior -, que não haverá nenhum impacto nos pagamentos das aposentadorias. Aliás, o jornalista Ricardo Bruno, da Agenda do Poder, foi o primeiro a tranquilizar os inativos com uma nota que colocou ordem na casa.

Quando o negócio foi feito, o Banco Master era então uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central, sendo o BACEN o órgão responsável por fiscalizar, supervisionar e identificar eventuais irregularidades no sistema bancário. Além disso, para receber recursos de Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), o Master precisava constar na lista oficial de instituições habilitadas pelo Ministério da Previdência, o que sempre ocorreu e na época das aplicações, o Banco Master S.A. detinha classificação de risco de crédito de "grau de investimento" — rating nacional de longo prazo "A-", atribuído pela Fitch Ratings, atestando solidez financeira e a credibilidade institucional. As aplicações foram realizadas em conformidade com todos os regramentos vigentes à época e de acordo com o Plano Anual de Investimentos, que foi aprovado pelo Conselho de Administração da Autarquia.

As Letras Financeiras contratadas pelo Rioprevidência ofereciam rentabilidade média de IPCA 8%, garantindo desempenho acima da meta atuarial e acima da média paga para títulos públicos federais. Atualmente, o Rioprevidência possui R$ 960 milhões aplicados em ativos finais emitidos diretamente pelo Banco Master, sendo essa a única exposição direta ao emissor. Toda a operação de investimentos em Letras Financeiras foi acompanhada pela equipe da Diretoria de Investimentos, composta por profissionais com currículo de excelência, altamente experiente.

Com as matérias na mídia e o fracasso da tentativa do negócio com o BRB, o Instituto negociou o recebimento de preparatórios, o que reduziria o risco e ainda poderia ser um bom negócio para o Rioprevidência. Quando o liquidante do Master, Eduardo Felix Bianchini, for despachar na sala da diretoria do Banco, um dos documentos que encontrará — e que estava pronto para assinatura — será o contrato que repassava R$ 3 bilhões em precatórios para cobrir os R$ 960 milhões do instituto.

'LA NAVE VA' NA CVM - Enquanto o Banco Central age na liquidação do Banco Master, o presidente interino da CVM, Otto Lobo, e seu braço direito, o diretor João Accioly, cancelaram todas as agendas oficiais no Brasil e embarcaram para um "road show" de uma semana em Nova York.

A viagem, custeada pela CVM, pegou de surpresa a área técnica da autarquia. Isso porque os dois diretores cancelaram todos os compromissos oficiais, inclusive a Reunião do Comitê de Gestão Estratégica, principal encontro do calendário da CVM para temas de gestão.

O "road show" acontece ao mesmo tempo em que um inquérito contra o Banco Master adormece nas gavetas da autarquia. O processo não anda desde que João Accioly pediu vistas, em maio, e não retornou. Agora, depois da ação do BC, já deverá ter perdido o objeto.