Por: Cláudio Magnavita

Coluna Magnavita | Vaticano não deu indulgência e ainda denunciou doação de corrupto brasileiro, que deve ser condenado a 21 anos de prisão

Denúncia feita pela sede da Igreja Católica teve um peso maior e o processo ganhou notoriedade | Foto: Wikimedia Commons

A ministra Isabel Gallotti, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), causou furor ao ler o seu voto que condenou o ainda Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), José Gomes Graciosa, a 21 anos e oito meses de prisão ao relembrar que foi o próprio Vaticano que denunciou a doação de 1 milhão de francos suíços às obras sociais do Caritas. A história, reavivada pelo voto da ministra, é um dos mais inusitados capítulos da corrupção de agentes públicos no Brasil.

Acuado com a investigação dos seus atos de corrupção como conselheiro do TCE-RJ, José Graciosa tirou uma fortuna de um banco Suíço e enviou para uma off-shore sua no Caribe. A manobra foi descoberta e ele resolveu fazer 1 milhão de francos suíços desaparecerem doando às obras de caridade do Vaticano. Achava que o seu gesto generoso eliminaria a caça dos valores e o livraria da investigação, além de garantir um perdão da Igreja Católica, ajudando os necessitados.

O que ele não esperava era que seria despachado para o purgatório e, agora, com a condenação para o inferno na terra. O Vaticano passava por um processo de expurgo de corruptos nos seus próprios quadros e comunicou oficialmente a doação de origem duvidosa.

A denúncia feita pela sede da Igreja Católica teve um peso maior e o processo ganhou notoriedade. Não trouxe indulgência nem para Graciosa que, além de 21 anos de prisão, teve ainda pedido, pelo voto da ministra relatora, a perda do cargo de Conselheiro, nem para sua ex-mulher Flávia Lopes Segura, que teve pena proposta de 3 anos e 8 meses em regime aberto.