Vaticano não deu indulgência e ainda denunciou doação de corrupto brasileiro, que deve ser condenado a 21 anos de prisão
A ministra Isabel Gallotti, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), causou furor ao ler o seu voto que condenou o ainda Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), José Gomes Graciosa, a 21 anos e oito meses de prisão ao relembrar que foi o próprio Vaticano que denunciou a doação de 1 milhão de francos suíços às obras sociais do Caritas. A história, reavivada pelo voto da ministra, é um dos mais inusitados capítulos da corrupção de agentes públicos no Brasil.
Acuado com a investigação dos seus atos de corrupção como conselheiro do TCE-RJ, José Graciosa tirou uma fortuna de um banco Suíço e enviou para uma off-shore sua no Caribe. A manobra foi descoberta e ele resolveu fazer 1 milhão de francos suíços desaparecerem doando às obras de caridade do Vaticano. Achava que o seu gesto generoso eliminaria a caça dos valores e o livraria da investigação, além de garantir um perdão da Igreja Católica, ajudando os necessitados.
O que ele não esperava era que seria despachado para o purgatório e, agora, com a condenação para o inferno na terra. O Vaticano passava por um processo de expurgo de corruptos nos seus próprios quadros e comunicou oficialmente a doação de origem duvidosa.
A denúncia feita pela sede da Igreja Católica teve um peso maior e o processo ganhou notoriedade. Não trouxe indulgência nem para Graciosa que, além de 21 anos de prisão, teve ainda pedido, pelo voto da ministra relatora, a perda do cargo de Conselheiro, nem para sua ex-mulher Flávia Lopes Segura, que teve pena proposta de 3 anos e 8 meses em regime aberto.
MINISTRO DO STF FICA DE SAIA JUSTA APÓS VOTO DE MINISTRO RELATOR NO STJ - O julgamento do Conselheiro José Graciosa no STJ foi suspenso após pedido de vista do ministro Og Fernandes, logo após o voto da ministra relatora Isabel Gallotti, que votou pela condenação do Conselheiro do TCE-RJ a 21 anos de prisão e da manifestação do vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand reiterando o pedido de condenação dos réus.
Graciosa recebeu a notícia no seu gabinete no TCE, onde reassumiu por uma decisão do Ministro do STF, Nunes Marques, que deverá atender o pedido da PGR para rever a sua decisão. Não existem condições morais e nem argumentos para ele continuar no cargo, já que o argumento da defesa com o ministro, era da postergação do processo que nunca era julgado.
Este é o processo de José Graciosa mais leve, o de lavagem de dinheiro, outro mais grave, o de corrupção, ainda será julgado.
VEXAME DO CONSELHEIRO DO TCE-RJ AFASTADO FARÁ INDICAÇÃO DA VAGA SÓ PARA O PRÓXIMO GOVERNADOR - O efeito da decisão do pedido de vista do ministro do STJ Og Fernandes poderá prolongar o julgamento de José Graciosa e a vaga do TCE ficará presa até o seu afastamento definitivo. Ele jurava em nome do Vaticano que se reassumisse temporariamente pediria aposentadoria e a vaga seria aberta agora, fato que não ocorreu e, pelo contrário, sentado na cadeira, ele ficou embriagado com a volta ao poder e já começava a trabalhar, constrangendo colegas, para retornar à presidência da Corte, por ser o mais antigo. Teve apetite de poder usura, perdendo a janela para garantir a gorda aposentadoria do Tribunal.
Pelo andar da carruagem jurídica, a vaga só será liberada para o próximo governador do Rio. É só fazer as contas. José Graciosa ficou sem condições de continuar na corte de contas e o seu regresso deverá ser revisto pelo ministro Nunes Marques, com o aval da Procuradoria-Geral da República.
GOVERNADOR EXPRESSA PUBLICAMENTE DESCONFORTO COM DIRIGENTE DA FIRJAN - Durante a cerimônia de sanção da Lei da Moda, no Palácio Guanabara, um constrangimento chamou atenção de quem acompanhava o evento: o desconforto evidente do governador Cláudio Castro com o presidente atual da Firjan, Luiz Césio Caetano. O fato foi revelado com exclusividade pelo jornalista Ricardo Bruno, do site Agenda do Poder. Ficaram públicas as últimas trapalhadas do dirigente. A solenidade foi marcada por críticas diretas do governador ao presidente da Firjan, que vem acumulando desencontros ao governo. Castro não poupou palavras: "É incrível como determinadas pessoas, com papel importante em instituições da sociedade, se comportam de modo lamentável. A gente se desdobra mas, infelizmente, há muita ingratidão onde deveria haver colaboração em nome do interesse público". Conforme relatado pelo Agenda do Poder, o governador fez questão de chegar no evento e fazer um cumprimento seco. Caetano disse: "Governador, estamos juntos!". Na mesma hora ouviu do chefe do executivo estadual: "Juntos como? Com a Firjan sendo injusta com o Rio." Depois, ao discursar falou duro olhando firmemente para um cabisbaixo Caetano.