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PINGA-FOGO

A GAFE DIPLOMÁTICA DE UMA FIRJAN QUE SE APEQUENOU -  A forma como foi feita a demissão do embaixador Frederico Araújo do cargo de diretor internacional da Firjan, revela o encolhimento da dimensão política e representativa da Federação das Indústrias do Estado do Rio na gestão do novo presidente Luiz Césio Caetano.

As últimas demissões foram realizadas sem a menor sensibilidade política ou de educação. Funcionário de alto escalão sendo chamado no final do expediente até o setor de Recursos Humanos, que entrega uma carta de demissão. Burocrática e insensível demais para uma entidade que tem na sua essência a representatividade e atuação política.

Não se desliga um embaixador que representou o Brasil em importantes países, um diplomata de carreira do Itamaraty, que aceitou colocar toda a sua bagagem de relacionamento nacional e internacional para uma entidade empresarial por quase uma década, como se desliga uma luz de um quarto.

Se Luiz Caetano, um executivo de uma refinaria de sal, tivesse um élan empresarial, teria agido diferente. Um presidente de Associação pode até querer escalar o seu próprio quadro de colaboradores, mas tem que saber que ele não é o dono da entidade, apenas está efemeramente no comando de algo que não lhe pertence. Deve zelar pelas relações de ontem e de amanhã.

O encerramento do ciclo do embaixador Frederico Araújo na Firjan, que entre outros cargos foi Chefe do Cerimonial do Presidente Fernando Henrique Cardoso, embaixador no Chile e na Austrália, mereceria homenagens e reconhecimento. Não apenas um "passe no departamento de Recursos Humanos".

Como em toda a sua trajetória diplomática, o embaixador Frederico Araújo sempre foi protegido pelo destino. A Firjan, da forma que passou a ser conduzida agora, se apequenou. Está deixando de ser a entidade de peso e representatividade empresarial que já teve ao lado da CNI ou FIESP. Ficou pequena para o currículo de um Embaixador de Carreira que tanto serviço prestou ao Brasil e dono de uma privilegiada agenda de telefones e amizades.

OS EFEITOS NEFASTOS DA PRODUÇÃO DO SAL NOS SEUS TRABALHADORES -  Todo mundo sabe o que significa a expressão "Sal Assassino" sobre o consumo de sal na saúde do ser humano. Poucos sabem do efeito nefasto da sua produção ao meio ambiente e sobre os seus trabalhadores.

Estudos científicos demonstram que a atividade de empresas com a Refinaria Nacional de Sal S/A, a Sal Cisne, causam severos impactos ambientais típicos da indústria salineira, embora pouco citados até agora, provocam danos ao meio ambiente e à saúde dos trabalhadores/moradores. Estudos revelam que doenças ocupacionais decorrentes da colheita e industrialização do sal marinho são graves, por exemplo, as lesões da pele e as enfermidades dos olhos e respiratórias.

Os mesmos estudos publicados na Revista Científica da ANP, apontam em relação ao meio ambiente, a interrupção de cursos d'água, devastação de manguezais, salinização de áreas produtivas e férteis, alteração da umidade da região pelo incremento da evaporação das salinas. Uma investigação promoveu o resgate histórico de uma comunidade remanescente de salineiros, no Município de Araruama, RJ.

Este polêmico setor agora abduziu o comando de uma entidade empresarial séria, com o objetivo de minimizar a sua agressividade. A aproximação de Luiz Césio Caetano na vida associativa teve o objetivo de defender o indefensável. Ele chegou na Firjan, que hoje preside em primeiro e provavelmente único mandato, para tentar amenizar os problemas ambientais da Refinaria Nacional de Sal S/A, a Sal Cisne, empresa para a qual trabalha até hoje como funcionário.

Se a chegada de Luiz Césio à Firjan foi para amenizar a imagem dos problemas ambientais de um setor tão agressivo, a sua postura desastrada à frente da Federação tem tido o efeito contrário. Está chamando atenção para um setor polêmico e que merece uma atenção especial dos órgãos ambientais. O INEA e o Ministério Público do Trabalho devem colocar a lupa para o que ocorre no Estado do Rio. Sob pressão, Luiz Césio tem adotado uma postura hostil ao Estado do Rio de Janeiro, à imprensa e à classe política.