"O Judiciário, antes ser um poder, é um serviço. A imagem que o cidadão tem do Judiciário quando busca seus serviços é o reflexo da forma como ele é tratado. Por isso, estamos sempre, sujeitos a críticas. Temos que procurar fazer as coisas justas e procurar ouvir, sempre, o cidadão", afirmou, em tom de despedida, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do Conselho Nacional de Justiça, ministro Luís Roberto Barroso, durante a realização da 19ª edição do Diálogos da Magistratura, nesta segunda-feira, 1º de setembro, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O mandato do ministro à frente do STF e do CNJ se encerra no próximo dia 30 de setembro, quando será sucedido pelo ministro Edson Fachin.
Idealizado pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), em parceria com o CNJ e o STF, o programa Diálogos da Magistratura realiza encontros presenciais inéditos entre o presidente do CNJ e do STF com desembargadoras, desembargadores, juízas e juízes para debaterem os mais relevantes temas para o aprimoramento dos serviços prestados pelo Poder Judiciário, assim como, sobre a valorização da carreira da magistratura.
Durante o encontro, realizado no Auditório Antonio Carlos Amorim, no Fórum Central do TJRJ, o ministro apresentou um balanço de sua gestão, destacando algumas das iniciativas aplicadas em sua gestão, como a implantação do Exame Nacional da Magistratura (Enam), e o enfrentamento de questões como execução fiscal, paridade de gênero e estabelecimento do pacto da linguagem simples no Poder Judiciário. Dentre as ações desenvolvidas, o ministro também destacou o programa de bolsas para cursos preparatórios para candidatos negros aos concursos da magistratura.
"A magistratura, quase em todo o Brasil, é branca. Assim, conseguimos oferecer 124 bolsas para os primeiros 124 candidatos negros melhores colocados no Enam. Assim conseguimos dar melhores condições de acesso à magistratura. Após essa iniciativa, como resultado, já registramos cinco candidatos negros aprovados em concursos da magistratura", disse o ministro.
A multiplicidade de sistemas processuais distintos adotadas por cada tribunal também foi objeto de ação na gestão do ministro.
"Quando cheguei no Supremo, havia um problema grave. Cada tribunal utilizava o seu sistema. E esses sistemas não se falavam. Assim, não conseguíamos criar um banco nacional de processos. Quando assumi, decidimos criar uma interface única, criando o Portal Único do Poder Judiciário. Dessa forma, para o usuário, não importa o sistema. A interface é a mesma", destacou.
O presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Ricardo Couto de Castro, saudou a chegada do "Diálogos com a Magistratura" no TJRJ e aproveitou para destacar a trajetória do ministro Luís Roberto Barroso, ressaltando suas ações na defesa da magistratura.