Uma retrospectiva do jornalista Augusto Nunes, publicada na revista Veja, em 17 de janeiro de 2011, trazia o seguinte relato de Domitila Becker: A noite estava chegando quando as duas caminhonetes estacionaram numa ladeira do bairro de Santa Teresa, no Rio. Armados de revólveres e granadas, 11 homens e duas jovens desembarcaram e, em movimentos rápidos, invadiram o casarão onde morava Ana Benchimol Capriglione, amante do ex-governador paulista Adhemar de Barros, famoso pelo bordão "rouba, mas faz". Na hora do crepúsculo de 18 de julho de 1969, começava o maior assalto praticado durante a ditadura militar por grupos partidários da luta armada. Disfarçados de policiais à caça de documentos considerados subversivos, os invasores se espalharam pela mansão. Enquanto alguns subiam ao segundo andar para localizar o cofre, outros imobilizaram moradores e empregados, furaram os pneus dos carros estacionados na garagem e cortaram as linhas telefônicas. A operação durou exatamente 28 minutos. E enriqueceu US$ 2,4 milhões (cerca de R$ 30 milhões em valores atuais) a VAR-Palmares, organização comunista que tinha entre seus mais ativos militantes a universitária mineira Dilma Rousseff. "A gente achava que o golpe ia ser grande, mas não tinha noção do tamanho", disse Dilma numa entrevista publicada em 2006. O cofre de mais de 200 quilos, que rolou pela escadaria de mármore, foi colocado numa das caminhonetes e levado até um "aparelho" — termo que identifica os endereços onde moravam ou se reuniam os partidários da luta armada — em Jacarepaguá. Ana Capriglione e os herdeiros do governador nunca reivindicaram os milhões furtados. Os descendentes da guardiã fortuna continuam jurando que o cofre estava vazio".
Em pleno 2025, o Brasil, pelo menos, não vive luta armada e nem organizações VAR-Palmares. No cenário atual, só o PCC e outras facções sentem o cheiro de cofres recheados e são capazes de operações ousadas. Tudo com mapeamento estratégico.