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PINGA-FOGO

DIREITA NÃO SABE FAZER OPOSIÇÃO - A incapacidade da direita brasileira de fazer oposição é inacreditável. Em meio a questionamento internacional sobre a atuação da nossa Suprema Corte, com o ex-presidente Jair Bolsonaro sendo julgado, um ministro do STF resolve anular, nesta terça-feira (15), todos os atos da Operação Lava Jato contra o doleiro Alberto Youssef.

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, o livrou de qualquer penalidade da Lava Jato, porém, a sua deleção continua válida. É réu confesso, revelou todo o esquema envolvendo o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, os ex-ministros José Dirceu, Antonio Palocci, Guido Mantega e o ex-deputado André Vargas.

Na direita, só o pastor artilheiro Silas Malafaia soltou o verbo. "Chega a ser um verdadeiro escárnio que esta decisão ocorra em um momento tão delicado. Perdeu-se todo o pudor. Será que nenhum outro ministro do STF não fica constrangido com a decisão do colega?".

É impossível falar de Alberto Youssef sem o rotular como doleiro, operador de remessas paralelas de divisas para o exterior. O seu currículo vem da época do Banestado, o banco oficial do Paraná, pivô de um escândalo histórico.

O pior é que o ex-juiz Sergio Moro é senador, tem tribuna. Era para a oposição estar ligando o ventilador e demonstrando a utilização do Judiciário. Ninguém dá um pio e a mídia faz um silêncio tumular, como se fosse normal. Será que a direita brasileira foi abduzida pelo Centrão?

A VOLTA DE FLÁVIO BOLSONARO - O freio de arrumação do processo sucessório no campo da direita no estado do Rio de Janeiro serviu para começar a arrumar a casa. A primeira delas será trazer de volta o senador Flávio Bolsonaro ao protagonismo político no Rio.

O parlamentar se distanciou muito da sua base. Ao mudar para Brasília, durante o período da presidência de Jair Bolsonaro, ele viveu um duplo papel, o de filho do presidente e interlocutor com o Congresso. O Rio foi esquecido.

Os parlamentares que Flávio ajudou a eleger, Rodrigo Amorim, Alexandre Knoploch, Léo Vieira, Alan Lopes e Filippe Poubel (PL), entre outros, primeiro se abrigaram com Wilson Witzel. WW se afasta de Bolsonaro e perde os deputados, que depois formam a tropa de choque do emergente Rodrigo Bacellar na Alerj. O grupo mais leal a Bacellar tem o DNA político do senador.

Sem residir no Rio e com raras incursões no interior, o Flávio perdeu a sua relação com os prefeitos. A nova safra ficou ainda mais distante.

No caso da candidatura de Rodrigo Bacellar, houve manifestações públicas que geraram sinais trocados e que excluíram o papel do Governador Cláudio Castro como elo de Bacellar com o Bolsonarismo.  

Vale lembrar a ligação de Renato Araújo, ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro, para Rodrigo Bacelar, indicado o candidato derrotado a vice-governador da chapa. Cadê a esquizofrenia? O próprio Correio da Manhã registrou a chamada em manchete, com informações do próprio Araujo. Como Bolsonaro não o apoiaria se em vídeo sinalizou o nome de Araújo para vice?

O fiel escudeiro de Flávio Bolsonaro, o secretário de Defesa do Consumidor do Estado, Gutemberg Fonseca, grudou em Rodrigo Bacellar oferecendo seus serviços de marqueteiro e se apresentando como o interlocutor do senador. Ele fez o mesmo com Witzel e depois com Crivella.

Vivendo um momento delicado com o julgamento do 8 de janeiro, com o irmão no exterior, com pouco diálogo com o irmão vereador e ainda lembrado como possível nome para a sucessão presidencial, o senador Flávio Bolsonaro terá de arrumar tempo para reafirmar sua liderança no Rio e assumir uma rotina da convivência política, da qual, infelizmente, se distanciou. Para comandar o processo sucessório com o Rio, terá de estar presente e retomar as bases que ficaram abandonadas pelo jogo nacional.

PESO ELEITORAL DE CASTRO - O governador Cláudio Castro, no topo dos seus 5 milhões de votos, tem todo o direito de escolher o seu futuro político e de decidir se vai ou não concorrer ao Senado. Hoje, com a liderança que exerce com os prefeitos, lhe garante uma musculatura e peso eleitoral para 2026 enorme. Atualmente é o candidato que traz votos para a chapa além do teto do bolsonarismo.

MAIS PERTO DAS BASES - Este freio de arrumação nas bases eleitorais da direita do Rio servirá também para trazer mais perto as lideranças fluminenses que hoje atuam muito no cenário nacional. A agenda de Brasília tem sugado o tempo de Dr Luizinho, Altineu Côrtes e Aureo Ribeiro (este último mantendo o cordão umbilical às bases). As lideranças funcionaram na eleição municipal. O ano de 2025 seria tranquilo, mas não está sendo. Como dizia o inesquecível Francisco Dornelles (que tanta falta está fazendo no Rio): "Política se faz gastando muita sola de sapato".

VALDEMAR SABE SER LÍDER - O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, é uma das mais importantes raposas felpudas da política brasileira. Sabe ser político com P maiúsculo. A conversa com o governador Cláudio Castro foi de uma cordialidade extrema. Teve a humildade de pedir desculpas pelos sinais trocados pelos Bolsonaros nos últimos dias. Afirmou que não abre mão da presença de Castro na legenda e que ele é seu candidato ao Senado pelo Rio. E, na frente dos interlocutores, fez a matemática da razão, do encolhimento do PL com a possível saída do governador.

AGENDA FECHADA - O governador Cláudio Castro teve, no início da noite de quarta, 16, uma agenda importante em Brasília. Uma longa conversa ao pé de ouvido, sem olhar para o relógio, na casa de Antônio Rueda, presidente do União Brasil e da Federação Progressista.

CONTAS APROVADAS - O Plenário do TCMRio votou, nesta quarta-feira (16), por unanimidade, pela emissão de Parecer Prévio favorável à aprovação das contas de governo da Prefeitura do Rio, relativas ao exercício de 2024, baseando-se no relatório e voto do conselheiro-relator, Ivan Moreira dos Santos, com ressalvas: emissão de 3 Alertas, 15 Determinações e 7 Recomendações. 

Os dados apresentados demonstram que a Prefeitura acatou os limites constitucionais e registrou superávit orçamentário na ordem de R$ 690,17 milhões, com a observância aos preceitos constitucionais e legais relativos aos planos e programas de governo, à apuração de níveis de endividamento e à aferição do atendimento às vinculações de gastos mínimos e máximos com saúde, educação, pessoal, entre outros.