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PINGA-FOGO

EGOCENTRISMO POLÍTICO - Três governadores de direita tiveram esta semana o dissabor de receberam sinalizações estranhas do núcleo do ex-presidente Jair Bolsonaro. No Rio, o Governador Cláudio Castro soube pela imprensa que não terá apoio à sua candidatura ao Senado e nem à candidatura do deputado Rodrigo Bacellar para a sua sucessão, tudo isso como consequência ao episódio provocado por Washington Reis.

No Distrito Federal, uma foto publicada nas redes sociais do Governador Ibaneis Rocha com uma legenda positiva sobre a harmonia na eleição de 2026 mereceu um desmentido feito pela própria Michelle ao jornalista, feito através do seu polêmico irmão.

É difícil encontrar na constelação de estrelas ligadas ao bolsonarismo quem não tenha história de constrangimentos e decepções com as mudanças de humor - muitas vezes incentivadas por um ciclo medíocre de puxa-sacos, que emplacam paranoias e teorias de conspiração.

A lista fecha com Tarcísio de Freitas, Governador de São Paulo, o estado mais afetado pela sobretaxa de 50% anunciada por Trump, tentando ajudar na busca de uma solução. Ele foi desautorizado pelo clã. Passou vergonha, mas não ficou omisso com o seu eleitorado.

Vale incluir nesta lista um dos mais fiéis escudeiros do ex-presidente, o seu advogado e assessor de imprensa, Fábio Wajngarten, demitido sumariamente do PL por ordem expressa de Michele Bolsonaro, por um comentário pinçado pela oposição e maliciosamente vazado pelos inimigos que apostavam nesta reação intempestiva e primária. Uma tática que deu certo.

Para quem vive na bolha da direita cada vez mais fica a certeza que a prioridade do núcleo dos Bolsonaros serão sempre eles, a família, já os outros, são os restos. Serão sempre políticos descartáveis que devem agir como fiéis submissos, sempre de joelhos, esperando a hora de serem acionados e chamados quando precisarem dos seus serviços. Apesar da origem italiana da família, falta o elemento gratidão na maioria dos seus membros, que se julgam autossuficientes e infalíveis.

O RIO É DIFERENTE - O tamanho do estado do Rio, concentrado em 92 municípios, sem pulverização de Minas ou São Paulo, torna a unidade federativa mais administrada politicamente. Este fato pode trazer uma surpresa para a família Bolsonaro no estado. O tamanho do voto cativo é bem diferente de outras praças. O sobrenome Bolsonaro não é garantia de vitória. Na eleição de vereador de 2020, Rogéria Bolsonaro teve pífios 2 mil votos.  Carlos, Eduardo e Flávio são seus filhos. Era ficção a ideia de achar que o sobrenome traria uma enxurrada de votos. Na eleição de 2024, o próprio Jair Bolsonaro foi derrotado em Angra dos Reis quando lançou a candidatura de Renato Araújo, contrapondo ao candidato do seu aliado histórico Fernando Jordão, outro que se sentiu traído. Jordão não desistiu e fez o seu sucessor, derrotando Bolsonaro na única campanha em que escolheu o candidato. O candidato da família para a Prefeitura do Rio, Alexandre Ramagem, nem chegou no segundo turno. O Estado do Rio não é um curral eleitoral como eles podem imaginar.

IMPORTÂNCIA DO PARTIDO - As votações de Alexandre Ramagem e General Pazuello vieram em parte da desidratação eleitoral de Hélio Lopes, reeleito com menos de 200 mil votos e da distribuição dos redutos eleitorais feita pela máquina partidária, principalmente do capitão Nelson. O gerenciamento partidário foi fundamental para os votos caírem nas urnas.

IMPORTÂNCIA DOS PREFEITOS - Para a eleição majoritária de 2026, com o PT no Governo Federal, serão os candidatos que precisarão dos prefeitos do Estado do Rio para se elegerem. Não o contrário. Foi neste cenário que pegou muito mal a notícia da retirada de apoio dos Bolsonaros à candidatura ao Senado do governador Cláudio Castro, já que as alianças vinham sendo construídas há tempo.

O governador apostou em uma gestão municipalista e criou laços com os prefeitos, fundamentais para a sua vitória no primeiro turno. Castro tem a caneta cheia até abril de 2026 e poderá ficar até o fim do mandato. Será no mínimo um grande eleitor.

IRMÃOS SIAMESES - Pesquisas realizadas em maio revelavam o bom desempenho de Cláudio Castro como candidato, ganhando votos em redutos onde o Bolsonarismo sofre forte rejeição. Território no qual o senador Flávio Bolsonaro não entra. Para ter as duas vagas no Senado, os dois se transformam em irmãos siameses. Dizer que a primeira vaga é garantida a Flávio é uma temeridade.

PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR - Se o deputado estadual Rodrigo Bacellar é truculento e desagregador, como ele conseguiu a proeza de ser REELEITO por UNANIMIDADE para a presidência da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), com os votos de todos os seus pares, inclusive dos deputados da esquerda?

CASTRO FICA - O governador Cláudio Castro cancelou a viagem de férias com a família. Ele iria tirar 20 dias para o merecido descanso. Passagens compradas, reservas de hotel e tudo planejado com muita antecedência. A família seguiu sozinha nesta sexta feira.

Castro vai engatilhar agenda de visitas ao interior, além de embarcar para Brasília, onde vai tratar do Propag e de contatos políticos, na terça e na quarta-feira.

BOLA DE CRISTAL - Na hipótese remota de Rodrigo Bacellar desistir da candidatura e de ser mantida a condenação de Washington Reis, qual será o candidato da direita ao Governo do Estado do Rio em 2026? Ganha um picolé de açaí quem disser o nome de um prefeito do interior bem votado que foi campeão das urnas.

ATENÇÃO FATAL - O conflito promovido pela insubordinação de Washington Reis, que resultou na sua demissão e a tatuagem bolsonarista no braço, após a declaração de ser candidato ao governo, só complica a revisão do seu processo no STF. Os sinais emitidos por Brasília é que nada vai mudar. Muita atenção midiática a uma perigosa mudança de rumo que compromete o judiciário. Os advogados estariam furiosos com todo o barulho que está sendo feito no sobre o caso.

LINHA DIRETA - O secretário de Defesa do Consumidor do Rio, Gutemberg Fonseca, fiel escudeiro do senador Flávio Bolsonaro, tem conversado quase que diariamente com o deputado Rodrigo Bacellar. Para ele, é tudo uma questão de dar o tempo ao tempo. Para Fonseca, Bacellar será o candidato da direita, com Castro e Flávio correndo ao Senado e a única mudança deste cenário será a escolha de Flávio para concorrer à presidência da República, com Carlos entrando na vaga do irmão.

PRESSÃO - Curiosa a nota de um colunista local pedindo que a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, paute logo o julgamento do processo do recurso do MPE sobre políticos do Rio. A quem interessa este lobby?

OLHO NO OLHO - Frase de uma felpuda raposa da política fluminense: "O presidente da Alerj e o Governador do Estado precisam sentar para uma conversa olho no olho… sozinhos e sem intermediários. O Rio precisa de harmonia".

LUTO - Julio Cesar Rezende de Freitas, o Julinho, presidente do Sicomércio Três Rios e vice-presidente da Fecomércio RJ, faleceu neste domingo, 13 de julho. A informação foi divulgada pela federação, que, em nota, destacou a trajetória de Julio, solidarizando-se com familiares, amigos e colaboradores.