Por: Cláudio Magnavita

Coluna Magnavita | Washington Reis lança o BolsoLula e irmão parte para o conflito com Bacellar na Alerj

Washington Reis | Foto: Divulgação

O ainda secretário estadual dos Transportes Washington Reis está tentando criar a mais estranha figura da política brasileira: BolsoLula. Ele quer se transformar no primeiro ente político que abraça os dois lados da polarização do país.

Reis tem creditado a Lula a luz no fim do túnel que o ministro Gilmar Mendes acendeu jogando um abacaxi paquidérmico no colo do colega Flávio Dino. Transformar a ilegibilidade já decidida em um uma indenização milionária ao meio ambiente. Uma multa que o empresário/político poderá pagar e se livrar com um simples Pix.

Este tem sido o real motivo dos seus acenos a Eduardo Paes e ao próprio Lula, com quem se encontrou e reacendeu a velha chama de carinho.

O BolsoLula que Washington Reis tenta construir inclui a tese que ainda é o nome preferido pelo presidente Jair Bolsonaro para concorrer ao Governo do Estado ou a única vaga disponível no Senado, já que uma é, compulsoriamente, do senador Flávio Bolsonaro.

O BolsoLula não conta com a anuência nem do MDB e nem do grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que veem a transformação do ex-aliado em uma gigantesca melancia política, verde e amarela por fora e vermelha no seu coração.

O ESDRÚXULO BOLSOLULA

Acostumado a desafiar e maldizer o Olimpo, Washington Reis deve o seu desempenho político na última eleição ao bolsonarismo. Elegeu os dois irmãos, um estadual e outro federal e o sobrinho em Duque de Caxias.

O Bolsolulista, o primeiro da sua espécie, não sabe como reagirá o seu eleitor. Não vai ganhar votos na esquerda e vai perder os da direita.

O AMNÉSICO KING

Este ser híbrido, com um pé no Bolsonarismo e outro no Lulismo, esqueceu que foi anunciado como candidato a vice-governador do Rio, na chapa original da reeleição de Cláudio Castro e foi barrado pelo TRE. A manobra custou à época a vaga do Tribunal de Contas do Estado - TCE que era sonhada para o seu clã para ser entregue ao deputado estadual Rosenverg Reis. Ela foi para Márcio Pacheco. O sucessor de Washington Reis na chapa majoritária é, por ironia do destino, quem ocupou outra vaga na corte de contas.

CONFRONTO REVELADOR

O confronto entre os deputados Rosenverg Reis e o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, ocorrido nesta segunda, no plenário da Casa, só serviu para expor a posição política da família Reis no jogo da sucessão do Rio.

Enquanto tenta salvar o pescoço no alinhamento com Eduardo Paes e Lula, com relativo sucesso, era o desejo do ainda secretário de Transportes, parar o tempo e impedir qualquer definição do jogo sucessório para voltar a ser o player, só que agora carimbado de BolsoLula.

BOLSO SEM FUNDO

Depois do embate de Rosenverg e Bacellar, que demonstrou força no parlamento ao aprovar a convocação de Washington Reis, um aliado do presidente da Alerj não resistiu, e alfinetou: "BolsoLula só vai dar certo para Washington se nele o Bolso não for de Bolsonaro, mas literalmente de Bolso, uma especialidade vestuaria que ele supera a todos na política do Rio e deixa o finado Picciani com jeito de Irmã Dulce". Todos riram e seguiram na verificação de quórum.

CABEÇA NA BANDEJA

O governador Cláudio Castro poderá deixar um presente para a governança interina do deputado Rodrigo Bacellar agora em julho, na interinidade de 20 dias. Castro sai de férias e Bacellar assume o governo.

Neste período, o seu primeiro ato no exercício como governador será de exonerar Washington Reis da Secretaria dos Transportes.

Com tanta agenda envolvendo negócios com a China, todos acreditam que Reis não pedirá para sair. Vai pagar para ver. E ficar até a última gota.

NÃO EXPLICOU

Em tempo: até agora Washington Reis não explicou a Bolsonaro o seu encontro com Lula, o seu namoro com Eduardo Paes e nem porque credita ao presidente Luiz Inácio, que surgiu no final do túnel, para afastar a sua inelegibilidade.