Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Rusga de Motta com líder do PT não surpreende base

Lindbergh Farias: segundo aliados, pouco agregador | Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

O rompimento do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), não surpreendeu nem mesmo integrantes da bancada governista.

Deputados ouvidos pela coluna disseram que já se queixavam do estilo adotado pelo colega na liderança, definido como "pouco agregador".

Para eles, que pediram anonimato, num contexto hostil como o da Câmara em relação ao governo, Lindbergh deveria adotar uma postura mais tranquila, buscar alguma conciliação. Mas ele prefere partir para o enfrentamento.

Segundo esses parlamentares, no colégio de líderes muitos reclamam do petista, até por seu hábito de antecipar pontos ainda não decididos.

 

Alto-falante

Um dos deputados afirmou que Lindbergh "faz muita mídia", ou seja, divulga publicamente temas sobre os quais ainda não há acordos. Isso afeta a bancada e os demais líderes partidários. A postura pouco colaborativa de Motta em relação ao governo piorou a situação.

Acúmulo

A ausência, por algumas semanas, do líder do governo, José Guimarães (PT-CE), que precisou se submeter a uma cirurgia cardíaca, piorou a situação. Isto porque, na prática, Lindbergh assumiu funções que caberiam ao colega de bancada, mais conciliador do que ele.

Gestos do presidente da Câmara também criticados

Motta gerou descontentamento ao nomear Derrite | Foto: Kayo Magalhães - Câmara dos Deputados

Os mesmos deputados ressaltam, porém, que Motta tem sua parcela de culpa no processo de desgaste com o PT.

A decisão de entregar para Guilherme Derrite (PP-SP) a relatoria do projeto do governo sobre facções criminosas foi vista como provocação.

Para cuidar da proposta, Derrite, um ex-oficial da PM conhecido por um comportamento violento nas ruas, deixou o comando da Secretaria de Segurança de São Paulo para reassumir o mandato e a relatoria.

Esta semana tende a ser esvaziada já que, na quinta-feira, Motta participará, em Paris, da abertura do Fórum Brasil França promovido pelo grupo Lide.

Trapalhada

A oposição tenta aproveitar a prisão de Bolsonaro e a irritação de Motta com o governo para conseguir que o projeto de anistia seja votado. O problema é que a tentativa de rompimento da tornozeleira por Jair Bolsonaro complicou tudo, indicou que ele pode ter tentado fugir.

Presente!

E, por falar em fuga. Oficialmente licenciado da Câmara por razões médicas, Alexandre Ramagem (PL-RJ), não faltou a uma sessão sequer deste que apresentou seu primeiro atestado, em 9 de setembro. De lá pra cá, marcou presença remota em 32 plenárias.

Atestou o quê?

Por falar nisso: que problemas de saúde os médicos atestaram para justificar a licença dada a Ramagem até 12 de dezembro? Nas imagens do site Platô, que o localizou nos Estados Unidos, e nas que foram feitas por sua mulher, em Miami, ele aparenta estar muito bem.

Bancada fora

Com a fuga de Ramagem, condenado pelo Supremo Tribunal Federal por participação na tentativa golpista, a bancada do PL no exterior já conta com três representantes. Os outros dois são Eduardo Bolsonaro, autoexilado nos EUA, e Carla Zambelli, presa na Itália.