Por: POR FERNANDO MOLICA

Correio Bastidores | 'Alucinação' de Bolsonaro preocupa aliados

Bolsonaro está preso em uma sala na sede da Polícia Federal, em Brasília | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A afirmação de Jair Bolsonaro de que tentou destruir a tornozeleira eletrônica por achar que nela havia um mecanismo de escuta foi recebida com muita preocupação entre aliados do Centrão.

Para eles, a justificativa, apresentada em audiência de custódia, reforça a ideia de fragilidade e, mesmo, de desequilíbrio do ex-presidente.

Ontem, Bolsonaro afirmou que a "alucinação" fora provavelmente causada por uma mistura de medicamentos.

Em 2023, sua defesa havia usado justificativa semelhante: alegou que ele estava sob efeito de morfina ao repostar, dois dias depois do 8 de Janeiro, acusações falsas contra as urnas eletrônicas. Segundo seus advogados, ele errara ao tentar mandar a mensagem para si.

 

Fragilidade

Para um aliado, ao falar em alucinação, Bolsonaro procura descaracterizar a tentativa de fuga, motivo de sua prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Mas cria um grave problema político ao mostrar incapacidade de resistir a pressões.

Prejuízos

A imagem da tornozeleira danificada, o diálogo entre Bolsonaro e a policial e, agora, a admissão de um delírio passaram a ser vistos como fatos desatrosos para a credibilidade do ex-presidente e tendem a enfraquecer de vez seu peso político e sua imagem junto a eleitores.

Nova crise com Jair respinga em Flávio e em Eduardo

Atos de Flávio e Eduardo geraram punições do STF | Foto: Reprodução/redes sociais

Para um cacique do Centrão, a prisão de Bolsonaro e o episódio da tornozeleira contaminam também a atuação dos filhos do ex-presidente, principalmente, de Eduardo e de Flávio, que admitiram a possibilidade de disputarem a Presidência.

A sequência dos fatos reforça que o jogo da direita, agora, será tocado por lideranças políticas que não integram o núcleo familiar de Bolsonaro.

Até porque foram atitudes de Eduardo e de Flávio que geraram punições como a obrigatoriedade de uso da tornozeleira e a prisão decretada no último sábado. Fatos que reiteraram o progressivo isolamento de Bolsonaro do universo político.

Prejuízos

Os fatos ocorridos a partir da madrugada de sábado complicam também a tramitação de projetos para, pelo menos, diminuir as penas de condenados por golpismo. A oposição avaliava que a prisão de Bolsonaro poderia facilitar a aprovação da anistia; agora, ficou mais difícil.

Críticas

Semana passada, o líder do PL, deputado Cavalcanti (RJ), disse à coluna que confiava na anistia e não poupou críticas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por não pautar a aprovação do projeto. Disse que ele não cumpria o prometido.

Zicou

A tentativa de se recriar o Zicartola no mesmo sobrado do número 53 da Rua da Carioca esbarrou em dificuldades nas negociações com Nilcemar Nogueira, neta de D. Zica. O restaurante e casa de samba criado por ela e pelo marido, Cartola, funcionou entre 1963 e 1965.

Da Viola

Mas o local, outra iniciativa do empresário e boêmio Raphael Vidal, ganhará um substituto à altura, o Da Viola — como entrega o nome, uma casa em homenagem ao grande Paulinho. No salão haverá uma mesa de sinuca do compositor e cantor portelense.