O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem dito a interlocutores que não quer ser candidato à Presidência da República, que seu objetivo é o disputar a reeleição.

Mas, pelo menos a um desses aliados, afirmou que pode sim entrar na briga pelo Palácio do Planalto caso isso seja decisivo para pacificar a direita, hoje dividida em torno de diversas possibilidades.

O assunto tem sido tratado com reservas e divide opiniões no próprio PL. Quem é a favor, alega a transferência de votos de Jair Bolsonaro só será possível se o sobrenome do ex-presidente estiver na chapa — de preferência, na cabeça.

Quem é contra alega que isso restringiria o apoio de eleitores menos radicais e reforçaria o poder da família Bolsonaro.

A ida de Flávio para a disputa presidencial barraria o ainda mais extremista Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e acabaria com especulações em torno da candidatura de Michelle, mulher do ex-presidente, que tentaria uma vaga para o Senado pelo Distrito Federal.

Bolsonaristas dizem que a decisão será de Jair, mas o quadro não é assim tão simples. Há uma pressão grande pela candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); ele, porém, não quer entrar em bola dividida. Se Flávio entrar, ele ficará de fora.

A eventual candidatura de Flávio abriria uma vaga no PL para a disputa do Senado no Rio. Líder do partido, Carlos Portinho diz que não abre mão de tentar o direito de permanecer em sua cadeira. O problema é que o governador Cláudio Castro também tende a optar pelo Senado.

Mas isso não quer dizer que a briga no PL fluminense vai acabar: líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcanti não descarta concorrer ao Senado, já foi até incentivado por Jair Bolsonaro.

No universo bolsonarista, Sóstenes é visto como mais brigão, de comportamento mais parecido com o do ex-presidente. E, ainda por cima, é pastor.

Por falar no Sóstenes. Ontem à tarde, foi lacônico ao falar sobre a votação, prometida para hoje, do projeto antifacção enviado pelo governo ao Congresso e que sofreu sucessivas mudanças. "O Hugo (Motta, presidente da Câmara) e o Derrite (Guilherme, relator) querem."

Diante da pergunta óbvia, sobre qual seria a posição do PL, saiu pela tangente. Disse que ainda conversaria com Derrite, secretário de Segurança do governo paulista e que assumiu a cadeira de deputado para relatar o projeto. O dia de hoje promete ser bem longo na Câmara.

Maldade espalhada nos corredores da Câmara: se o Derrite atirasse do jeito que relata projetos teria morrido no primeiro tiroteio de que participou como PM. Capitão da reserva, foi investigado por participação em 16 mortes e foi afastado da Rota por excesso de letalidade.

Secretário de Segurança do Rio, Victor Santos participará hoje do seminário sobre violência na ABI. Além dele estão escalados, entre outros, Carolina Christoph Grillo, do Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos/UFF, e Eduardo Benones, do Ministério Público Federal.