Ao classificar de "matança" a operação policial que deixou 121 mortos no Rio, Lula (PT) animou a direita e preocupou a esquerda.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que o presidente "saiu do armário" e, no X, chamou o PT de "Partido dos Traficantes" — na véspera, a Justiça determinara que o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) retirasse a expressão de suas redes sociais.

A esquerda evita críticas públicas ao presidente, mas, nos bastidores, muitos lamentaram a fala, ainda que concordassem com ela.

A avaliação é de que Lula, depois de chamar traficantes de vítimas de usuários, deu mais munição para seus críticos. Poderia ter criticado a operação, mas com mais cuidado.

Há entre lulistas radicais a esperança de que o presidente tenha informações que comprometam de maneira clara a atuação da polícia fluminense. Mas, mesmo assim, dizem, o apoio da maioria da população ao ataque nas favelas exigiria prudência.

A eleição do senador Fabiano Contarato (PT-ES) para presidir a CPI do Crime Organizado foi comemorada no Planalto. Mas o governo sabe que deverá enfrentar muitas dificuldades. Pior: teme que o novo fôlego da direita gere derrotas em outros temas na Câmara.

O Planalto quer usar a operação contra o Comando Vermelho ontem, na Bahia e Ceará — governados por petistas — como contraponto à que ocorreu no Rio. Houve 37 prisões e uma morte.

O bloqueio de 51 contas bancárias solicitado pelos investigadores e concedido pela Justiça mostraria preocupação com a necessidade de quebra da estrutura financeira das organizações criminosas.

O que complica a intenção do governo é que, nos últimos anos, a polícia baiana tem sido a mais violenta do Brasil: no ano passado, matou 1.557 pessoas. Em termos relativos, só ficou atrás da do Amapá. O PT governa o estado desde 2007.

Ao filiar Mateus Simões, vice-governador de Minas, ao seu PSD, o presidente/dono do partido, Gilberto Kassab, atingiu uma marca impressionante: tem ministros no governo Lula e participa das administrações de Tarcísio Padilha, em São Paulo, e da do mineiro Romeu Zema.

Em Minas, o MDB correu por fora e filiou o ex-presidente da Câmara de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo. Terceiro colocado na disputa pela prefeitura da capital, ele será candidato ao governo, concorrerá com Simões e com o senador Cleitinho (Republicanos).

Lançada em 1962 por Jackson do Pandeiro, a música "Como tem Zé na Paraíba" ainda se revela atual. O estado é, percentualmente, o terceiro do país em quantidade proporcional de homens com o nome de José (fica atrás de Alagoas e Sergipe). Jackson também era José.

Baseado em censos realizados desde 1940, o IBGE revelou que Josés foram diminuindo: entre os nascidos entre 2010 e 2019, eles ficam em 11º lugar, atrás do italiano Enzo. Já Maria continua imbatível. Associados a brincadeiras, Raimunda e Mário foram sendo abandonados.