O encontro dos presidentes Lula e Donald Trump, o impasse em relação à anistia, a indefinição de um candidato à Presidência, as brigas provocadas por Eduardo Bolsonaro e problemas regionais geraram uma espécie de caça às bruxas na direita.

No mais recente episódio de barata-voa, o blogueiro Paulo Figueiredo, que atua nos Estados Unidos contra o governo brasileiro, ironizou a suposta presença do senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, em jantar na Indonésia que contou com a presença de Lula e dos irmãos Batista, da JBS.

Ele postou no X uma imagem da TV Estadão em que Ciro apareceria, no encontro, ao lado dos empresários. "E aí @ciro_nogueira como tá aí? União da Centro-Direita?", perguntou Figueiredo.

Ontem, também no X, o senador dirigiu-se a Figueiredo e afirmou que ele "deveria ser mais cuidadoso do que qualquer um sobre a verdade dos fatos". Ressaltou que a imprensa noticiara sua presença no Brasil no fim de semana. Ainda disse que o desculpava.

Diante da perspectiva de Trump ceder no tarifaço, Eduardo Bolsonaro postou que nunca pediu esse tipo de punição ao Brasil. Quando as medidas foram anunciadas, porém, o deputado federal postou um agradecimento público ao presidente norte-americano.

Ao dar parabéns a Lula por seu aniversário e chamar o brasileiro de "vigoroso", Trump complicou de vez a tentativa bolsonarista de minimizar o encontro entre os dois presidentes.

Muitos das lideranças do grupo preferiram o silêncio nas redes sociais. Alguns deles, como o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), optaram por falar da vitória do presidente Javier Milei nas eleições parlamentares argentinas.

Muito atuante nas redes sociais, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) preferiu ressaltar medidas que tomou em seu estado, como reivindicar melhorias para Sete Lagoas: unidade de saúde e obra numa rodovia.

A indefinição do candidato da direita ao Planalto estimula conversas regionais à margem do controle de Jair Bolsonaro. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse não ter sido consultado sobre a possibilidade de seu partido apoiar Eduardo Paes (PSD) ao governo do Rio.

A articulação tem sido feita pela ala do PL mais ligada ao presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, e que está no partido desde antes da entrada de Bolsonaro. O principal interlocutor do prefeito carioca tem sido o deputado federal Altineu Côrtes.

Situação também delicada em Santa Catarina: a deputada Caroline de Toni ameaça deixar o PL caso não consiga disputar o Senado em 2026 — uma das vagas será de Carlos Bolsonaro, e o governador Jorginho Mello (PL) quer apoiar a reeleição de Esperidião Amin (PP).

Lula não deveria ficar supreso com o fato da Caixa criar uma bet. Desde 2024 que a Caixa Loterias, subsidiária do banco, está autorizada a entrar no mercado. Segundo seu CNPJ, a empresa pode explorar "jogos de azar e apostas não especificados anteriormente".