O Planalto festejou os primeiros resultados positivos do encontro entre Lula e Donald Trump. Na avaliação de assessores, a reunião indica o acerto do brasileiro em protestar contra o tarifaço, isola os bolsonaristas e joga para segundo plano a declaração do petista ao falar que traficantes eram vítimas de usuários de drogas.

O tropeço de Lula havia diminuído uma discreta comemoração relacionada a um ponto específico da pesquisa AtlasIntel. Pela primeira vez, entrevistados disseram que o atual governo demonstra um desempenho melhor que o de Jair Bolsonaro na segurança pública.

O placar foi apertado, 45% a 44%, mas significativo, já que a esquerda costuma ser associada a uma leniência no combate à criminalidade.

Em setembro, o desempenho de Bolsonaro no quesito foi apontado como melhor por 49%; Lula ficou com 45%. Em julho, 56% afirmaram preferir a atuação do governo Bolsonaro na segurança; apenas 39% ficaram com o trabalho desenvolvido atualmente.

Também importante: 52% consideraram como acertada a decisão do Planalto de encaminhar para o Congresso proposta de emenda constitucional sobre segurança pública (28% desaprovaram a iniciativa). Resta saber se a fala desastrada de Lula vai alterar a percepção.

Lula voltou atrás na história de dizer que traficantes também eram vítimas de "viciados", mas isso não impedirá que o tropeço continue a ser explorado pela oposição.

Um aliado do presidente ressalta que a nova trapalhada de Lula ressalta a inexistência, entre as pessoas próximas do presidente, de pessoas capazes de contestar internamente algumas de suas posições mais delicadas e, de assim, provocar mais reflexões.

Para esse político, Lula queria repetir enfatizar o mote de que usuários norte-americanos são os grandes estimuladores do tráfico. Mas se embaralhou todo na hora de falar — e disse uma besteira.

Vale ressaltar que a criminalidade e o tráfico de drogas continuam a ser apontados como das maiores preocupações dos brasileiros, só perde para a corrupção — 57,3% contra 60% (neste caso, cada pesquisado poderia apontar até três problemas).

A pesquisa apontou outro ponto positivo para o governo: 53% disseram que Lula se sai melhor que o antecessor no quesito justiça e combate à corrupção (44% prefeririam Bolsonaro). Em setembro, houve empate. Nos últimos anos, a corrupção esteve mais associada ao PT.

Ao acenar de maneira explítica para uma aliança com o PL em torno de sua candidatura ao governo fluminense, Eduardo Paes (PSD) jogou uma bomba na sua relação com o PT, que comanda três secretarias na prefeitura carioca. Há petistas pintados para a guerra.

A situação no PT piorou com o post do presidente do partido no Rio, Washington Quaquá, prefeito de Maricá. Ele criticou a ministra Glesi Hoffmann, o líder na Câmara, Lindbergh Farias e André Ceciliano, secretário de Assuntos Parlamentares. A briga vai bombar esta semana.