Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Governo e Centrão, entre tapas e beijos

Motta discursa, no Rio, ao lado de Lula | Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

"Político é igual a namorado, briga pra se acertar": atribuída a Ruy Queiróz, ex-prefeito de Nova Iguaçu (RJ), a frase foi citada à coluna por um parlamentar fluminense para definir a crise entre governo e o Centrão.

Segundo ele, a decisão do Planalto de demitir indicados por deputados que votaram contra a MP dos Impostos não deverá gerar um aumento da animosidade em relação ao governo na Câmara.

A tendência, diz, é de que haja uma acomodação entre as partes: "Quem quer ficar com o governo acaba se acertando", frisa.

Ressalta que, com exceção de alguns poucos casos, não houve demissão de protegidos de deputados que ocupam posições de destaque em seus partidos. "Os expoentes ficaram de fora", observa.

 

Desgaste

Para ele, a derrota do caso da MP foi gerada, principalmente, pelo desgaste acumulado pelo Planalto, que deixou de cumprir uma série de acordos com deputados, principalmente em relação à liberação de verbas de emendas parlamentares. A votação foi uma espécie de troco.

Jeitinho

Diante de um tema delicado — aumento de impostos, ainda que para os mais ricos —, muitos deputados preferiram evitar um novo problema com setores da população. Nada que não possa ser ajeitado, prevê — até porque o Centrão evita brigar com governos.

Deputados bolsonaristas tentam estimular a guerra

Sóstenes: reunião de amanhã definirá pauta | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Mais ligadas ao bolsonarismo, lideranças do PP e do União Brasil, porém, querem partir para a guerra. E tentam articular um movimento para encurralar o governo.

Uma das medidas buscaria ressuscitar o projeto de anistia a condenados pela tentativa de golpe.

A proposta acabou sendo substituída por uma alternativa menos radical, a redução de penas. Mas essa saída está há um mês emperrada na Câmara.

A aprovação da anistia seria, porém, um lance bem arriscado. Além de representar um rompimento com o Planalto, a medida correria o risco de ser barrada pelo Senado, como ocorreu no caso da PEC da Blindagem.

Culpa do outro

Ao carregar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para evento no Rio, Lula mostrou que quer reatar seus laços com a Casa. Fez críticas pesadas ao Congresso, mas procurou jogar na extrema-direita a culpa pelo "baixo nível" da representação parlamentar.

Parceiro

Ao se aproximar de Motta, Lula tenta também demonstrar que não depende tanto assim do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). O senador tenta convencer o governo a indicar o colega Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o Supremo Tribunal Federal.

Flores pro Anísio

Sondado por alguns petistas para ser candidato do partido ao Senado, Neguinho da Beija-Flor tem uma relação com o bicherio Aniz Abraão David, o Anísio, que vai muito além do trabalho e da amizade. Ele é um dos autores de samba em louvor ao contraventor.

Ironia pro Lula

Em 2016, Neguinho gravou um vídeo amador ao lado do também compositor Boca Nervosa, que então lançava um samba, "Não é nada meu", em que ironiza o então ex-presidente Lula. Os versos citam tríplex na praia, sítio em Atibaia e "o rombo na Petrobras".