Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Em ritmo de campanha, governo joga no ataque

Ao falar na defesa de pobres, Lula marca posição | Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Ao usar o mote do pobres contra ricos ao falar da nova derrota do governo no Congresso, o presidente Lula (PT) reafirmou indicar qual será o caminho a ser percorrido na campanha eleitoral.

A linha representa um rompimento com a lógica do Lulinha Paz e Amor usada em outros tempos. Mas foi a saída encontrada pelo Planalto, em especial, pela Secretaria de Comunicação, para tentar fugir do canto do ringue onde foi colocado pelo crescimento do poder do Congresso e pela associação entre bolsonarismo e o Centrão.

Lula percebeu que não eram mais eficientes os processos de sedução de parlamentares usados em suas passagens anteriores pelo Planalto e quer colar na direita a imagem de quem governa para ricos.

 

Protagonismo

Depois de ser alçado à condição de protagonista no mandato de Jair Bolsonaro — então ministro da Casa Civil, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) mandava e desmandava no governo —, o Centrão deixou de se contentar com papéis secundários. O grupo quer o poder.

Passou o rodo

Ao começar a demitir indicados por políticos que atuaram contra a medida provisória dos impostos, o governo mostrou que o jogo ficou mais duro. Essas nomeações foram mais importantes no passado, antes da farra das emendas parlamentares, mas ainda contam muito.

Lula busca fugir da dependência do Centrão

Manifestação no Rio: exemplo bolsonarista | Foto: Foto de leitor/José Reis

Para os estrategistas do Planalto, são quase inexistentes as chances de Lula conseguir o apoio formal de partidos do Centrão, que passaram a ter alternativas viáveis e mais confortáveis à direita.

A recuperação de boa parte da popularidade do próprio Lula indicou para o Planalto que seria possível articular uma alternativa que dependesse menos dos humores e pedidos do grupo.

O governo resolveu também aplicar duas lições do bolsonarismo: investir de maneira pesada e competente nas redes sociais e em grandes mobilizações populares. Quer usar a força da opinião pública para pressionar, e deixar de ser pressionado.

Alívio

A saída de Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal foi recebida com alívio pelos chamados operadores do direito na área trabalhista — juízes, procuradores e advogados. O ministro é um dos aliados de Gilmar Mendes na briga contra normas da CLT.

Sem saudades

Apesar da reaproximação com Lula e dos perrengues com bolsonaristas, Barroso não vai deixar saudades na esquerda. Apesar de ter sido progressista em causas que envolvem comportamento, ele foi muito duro com o PT e votou contra a suspeição de Sérgio Moro.

De confiança

Pode dar zebra, mas Lula tende a nomear Jorge Messias, advogado-geral da União, para a vaga de Barroso. As derrotas no Mensalão e no Petrolão deram ao presidente a certeza de que é preciso ter no STF pessoas de sua total confiança, não basta que sejam de esquerda.

Bancada da AGU

A eventual nomeação de Messias vai consolidar a AGU como uma espécie de estágio para quem busca integrar o STF. Ocuparam o cargo de advogado-geral (a quem cabe defender o governo) os ministros André Mendonça, Dias Toffoli e Gilmar Mendes.