Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Em 2026, MDB estará onde quase sempre esteve

Baleia Rossi, presidente nacional do partido | Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

A menos de um ano para o primeiro das eleições de 2026, tudo indica que o MDB vai ficar no seu lugar preferido, nem lá nem cá, muito menos em cima do muro.

A postura deverá ser compatível com o partido que, ao longo de décadas, privilegia questões regionais às nacionais. Os interesses locais tendem a ser mais importantes.

Na prática, isso aponta para a grande possibilidade de, em 2026, o MDB nacional repetir 2022 e não apoiar nenhum candidato à Presidência — e, ao mesmo tempo, permitir que seus filiados fiquem do lado de quem quiserem.

Dos 27 diretórios regionais do partido, 16 são majoritariamente contra Lula — o que não significa adesão ao bolsonarismo — e nove são a favor.

 

Norte e Nordeste

O apoio ao presidente da República se dá em dois estados do Norte — Amazonas e Pará — e nos nove do Nordeste. O comprometimento nesta região também é variável: o senador Alessandro Vieira, de Sergipe, que deve tentar a reeleição, não é identificado com o petismo.

Hegemonia

Outro problema no Nordeste é que emedebistas deverão perder a vaga de vice-govenadores em três estados administrados por petistas: Bahia, Piauí e Ceará. A tendência é de que o PT faça chapas formadas apenas por seus filiados — quer evitar lideranças de outras siglas.

Filiados livres para manifestarem apoios

Ricardo Nunes: com Tarcísio onde ele estiver | Foto: Divulgação/Governo SP

A neutralidade não impedirá que lideranças locais apoiem candidatos à Presidência e aos governos estaduais.

Em São Paulo, o prefeito da capital, Ricardo Nunes, e o presidente nacional do partido, deputado Baleia Rossi, apoiarão o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) caso ele tente a reeleição.

O prefeito paulistano também estará com Tarcísio caso ele tente a Presidência; mas isso não implicará apoio do MDB nacional.

No Paraná e em Goiás, emedebistas ficarão com os candidatos aos governos indicados pelos atuais administradores — Ratinho Júnior (PSD) e Ronaldo Caiado (União).

Lá e cá

A autonomia regional do MDB chegou a criar casos curiosos: em 2014, mesmo tendo indicado Michel Temer para vice de Dilma Rousseff, o partido, no Rio Grande do Sul, disputou, com José Ivo Sartori, o governo do estado contra o petista Tarso Genro — este perdeu.

Tic, tac

A frase que abre a coluna começa a despertar pesadelos no grupo que vai da extrema-direita ao Centrão — é que falta menos de um ano para o primeiro turno, e não há candidado definido para a provável disputa com Lula, que tentará uma nova reeleição.

Mistério

O maior problema é a insistência de Jair Bolsonaro em não indicar candidato. Sequer diz abertamente que quer alguém que tenha o mesmo sobrenome como candidato a vice: Flávio ou Eduardo, ou a mulher, Michelle. Por enquanto, ninguém ousa desafiar o ex-presidente.

Problemas

Michelle tende a puxar mais votos, mas é vista com desconfiança por políticos: ninguém sabe o que é capaz de fazer. Flávio é mais palatável, mas, na campanha, enfrentaria fantasmas como as rachadinhas — o caso foi encerrado na Justiça, mas as provas permanecem.