Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Tarcísio e Centrão querem anistia, e Bolsonaro longe

Tarcísio ressaltou que não há evidências de participação do PCC | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Agora comandada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a ofensiva do Centrão ampliado pela anistia traz implícito o objetivo oculto de manter Jair Bolsonaro (PL) fora da disputa presidencial.

O Centrãozão passou a se empenhar pela liberdade do ex-presidente, mas acha melhor que ele continue fora da disputa pelo Planalto. É preciso, porém, garantir os votos bolsonaristas para o candidato da direita.

Lideranças do grupo avaliam que, depois da provável condenação de Bolsonaro, sua saída da cadeia só será viável em 2027. Isto, claro, se houver a vitória de um candidato de oposição que tenha disposição de indultá-lo ou de usar seu peso político para arrancar uma anistia do Congresso.

 

Obstáculo

Integrantes do grupo reconhecem que a condenação do ex-presidente pelo Supremo Tribunal Federal reforçará a campanha pela anistia, mas consideram muito difícil que o Senado aprove a medida. "No Senado, o Centrão é governista", diz um deputado.

O escolhido

Os sucessivos embates protagonizados pelos Bolsonaro e o desgaste da imagem da família detectado por pesquisas convenceram o Centrãozão que é melhor entrar na briga de 2026 sem um integrante do clã. Querem alguém mais compatível com a política tradicional.

Conversas com Pereira, Motta, Ciro Nogueira e Sóstenes

Marcos Pereira: muita coisa pra acontecer | Foto: Douglas Gomes/liderança do Republicanos

Cada vez mais pré-candidato à Presidência, Tarcísio, nos últimos dias, declarou que indultará Bolsonaro e tratou de divulgar sua movimentação pró-anistia.

Ontem, tomou café da manhã com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, que publicou a conversa e ressaltou que a anistia tinha sido o cardápio do encontro.

Para tratar do mesmo assunto, o governador procurou o presidente da Câmara, Hugo Motta (também de seu partido), o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI) e líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).

A ofensiva visa também amenizar resistências da família do ex-presidente.

Sem opção

Como o Correio Bastidores já ressaltou, a conta dos pra lá de experientes parlamentares do Centrãozão é simples: acuado, prestes a receber uma pena pesada e ser mandado para a cadeia, Bolsonaro não tem condições políticas para comprar brigas e recusar apoios.

Pavio curto

Esse Centrão ampliado sabe, porém, que o desafio agora é não passar a imagem de que está traindo o clã Bolsonaro. Isso poderia, no limite, estimular uma candidatura ao Planalto do deputado Eduardo Bolsonaro, uma bomba que tende a explodir a direita.

Estrelados

A derrota do governo na escolha do comando da CPMI do INSS reforçou o coro dos que defendem o fim do monopólio petista em cargos de liderança no Congresso. Carregam estrelinha vermelha na lapela os líderes do governo no Senado, na Câmara e no Congresso Nacional.

O mandão

Para integrantes do próprio PT seria interessante diluir esse poder, até para que o governo conseguisse buscar um apoio mais efetivo de outros partidos da base. O problema é que isso, na prática, depende de uma mudança de postura do presidente Lula.