Por: Fernando Molica

Falar em quebra do BB é uma forma de terrorismo

Eduardo Bolsonaro disse que o Banco do Brasil corre o risco de falir | Foto: Reprodução/ Redes Sociais

As notícias falsas sobre o Banco do Brasil espalhadas por setores bolsonaristas são comparáveis ao terrorismo, ataques genéricos e covardes, atos de sabotagem que têm o objetivo de fazer incontáveis vítimas: no caso,  não apenas o governo federal, o acionista majoritário da instituição.

O BB tem 1,5 milhão de acionistas, 99% são pessoas físicas, que agora veem parte de seu capital ameaçado por, veja só, brasileiros dispostos a qualquer tipo de ato para tentar impedir a condenação de Jair Bolsonaro. 

Como no título da novela, vale tudo para salvar o ex-presidente, prestes a ser julgado por sua atuação em tentativa de golpe de Estado: eles, a exemplo do que foi feito pelo personagem Marco Aurélio na primeira versão do folhetim, dão uma banana para o país.

São muitas as bananas: não contentes em estimular, nos Estados Unidos, ataques à economia nacional que afetam negócios e empregos, eles partem para a disseminação de informações com o objetivo de gerar saques em massa do principal banco estatal, responsável pelo pagamento dos servidores públicos, que tem atuação decisiva no financiamento da agricultura — o agro que eles tanto dizem defender.

Danem-se os acionistas, os investidores, os correntistas, os agricultores. Para integrantes desse grupo que deu peso industrial à produção de fake news, o importante é salvar Bolsonaro, impedir que ele seja julgado.

A anistia que pregam vem carregada de ameaças, não seria fruto de um processo político-institucional, mas de uma chantagem: como já foi aqui citado, agem como o comandante do zepelim da música de Chico Buarque, ameaçam bombardear o país caso não seja feito o que eles querem.

Um realidade que nega a própria ideia de pacificação que tentam incluir na proposta de anistia. Eles mantêm a mesma postura agressiva e bélica que levou tantos deles à sabotagem sistemática das instituições e que culminou com a articulação golpista que teve seu auge no 8 de Janeiro. Eles não acenam com paz, mas reiteram a disposição de guerra que sempre os marcou.

Em 2022, tivemos uma sucesso de notas golpistas de comandantes militares, declarações dúbias do então presidente, bloqueio de eleitores no dia do segundo turno, quebra-quebra no dia da diplomação, tentativa de explosão de caminhão-bomba no aeroporto de Brasília. Pegando carona numa fala de Ulysses Guimarães, não foram atos protagonizados por velhinhas, mas por velhacos. 

Entre os que buscam sabotar o BB está o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que não contente em estimular ataques norte-americanos ao Brasil, agora diz que o banco irá falir em consequência de medidas adotadas pelo governo dos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Ataques na linha dos que foram feitos pelo advogado Jeffrey Chiquini, que defende Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro e, como ele, réu no STF por tentativa de golpe de Estado. Chiquini foi explícito ao aconselhar correntistas do BB a retirarem, imediatamente, seu dinheiro da instituição. A divulgação de "informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira" é crime.

A rodada orquestrada de ataques ao BB apenas confirma que o bolsonarismo não tem qualquer limite, algo compatível com um movimento político que elege como ídolo um torturador e assassino como o coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra.

A disseminação de boatos sobre o BB capazes de arruinar a vida de milhões de pessoas equivale ao ato terrorista de jogar uma bomba numa multidão, tem o objetivo de provocar tumulto e tragédia (foi o que militares do Exército tentaram no Riocentro, em 1981 — depois da anistia, vale frisar). O Brasil não pode ser refém do terror.