Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Centrãozão articula candidato sem esperar Bolsonaro

Ao centro, no jantar, Rueda, Costa Neto e Nogueira | Foto: União Brasil

A perspectiva de condenação e prisão de Jair Bolsonaro acelerou o acordo de uma espécie de Centrão ampliado em torno de uma candidatura ao Planalto que não passe por uma indicação do ex-presidente.

A avaliação é de que Bolsonaro perdeu força e terá que aceitar o que for decidido pelos partidos em troca da promessa de que será anistiado. Se Lula ganhar, vai mofar na cadeia.

As movimentações de dirigentes partidários deste Centrãozão justificam a irritação de Carlos e Eduardo Bolsonaro ao desancarem governadores de direita. Eles perceberam que havia uma articulação que jogava Jair Bolsonaro para escanteio.

As fotos do jantar de terça-feira passada, em Brasília, mostraram que eles tinham razão.

 

Troca de votos

Ele propôs, e ela aceitou, uma troca de apoios. Dorinha topou votar a favor do voto impresso e Portinho aceitou a proposta de criar uma cota de 20% para mulheres em todas as casas legislativas, com exceção do Senado. A mudança de posição da senadora foi decisiva.

Impresso

Líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), foi decisivo para que a Comissão de Constituição e Justiça aprovasse a introdução do voto impresso na lei eleitoral: a mudança irá para o plenário. Na última hora, fez um acordo com a senadora Dorinha Seabra (União-TO).

Diferenças

Ao término de sua fala de meia hora em que defendeu o combate a golpistas, Moraes recebeu aplausos protocolares. Pela manhã, André Mendonça, também do STF, foi aplaudido de pé — ele criticou o "ativismo judicial" e defendeu a autocontenção do Judiciário.

Partidos tentam disfarçar apoio a Tarcísio

Chapa provavelmente será liderada por Tarcísio | Foto: Reprodução/Youtube de Silas Malafaia

Em público, os partidos reforçaram a posição dos seus correligionários que se apresentam para a disputa do Planalto.

Presidente do União, Antonio Rueda se referiu a Ronaldo Caiado, governador de Goiás, que estava no evento, como "nosso pré-candidato".

O consenso, porém, é de que Tarcísio já foi escolhido. A menos, claro, que ele bata pé e decida encarar a quase certa reeleição para o Palácio dos Bandeirantes.

Nogueira e Caiado insistiram no tema que interessa a Bolsonaro. Ressaltaram que o presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961) anistiou militares que tentaram um golpe contra ele.

Acordo

O evento, que reuniu presidentes do União Brasil, PP, PL, Republicanos, PSD e MDB revelou o tamanho das conversas. A linha de passe dos foi retomada na sexta, no Rio, em fórum do grupo Lide. Eles, porém, não querem briga com Bolsonaro, já que precisam de seus votos.

Misturados

Valdemar Costa Neto, do PL, buscou manter as aparências, frisou que caberá a Bolsonaro indicar o candidato do partido. Mas ressalvou: o PL não terá chapa pura. Ele escorregou ao citar o governador de São Paulo entre os do PL (Tarcísio de Freitas é do Republicanos).

Vade retro

Por falar no encontro do Lide. Governador de Minas e pré-candidato à Presidência, o cada vez mais bolsonarista Romeu Zema (Novo), tratou de passar bem longe do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ao deixar o palco, depois de sua palestra.