Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Comércio começou a sentir efeitos da briga com EUA

Insegurança faz consumidor reduzir compras | Foto: Marcelo Camargo - Agência Brasil

Até o comércio já começou a sentir as consequências do tarifaço e de outras medidas punitivas decretadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O Correio Bastidores apurou que houve redução nas vendas aqui no Brasil a partir do início de julho, quando a Casa Branca fez o primeiro anúncio da retaliação.

A queda no preço das ações de bancos, ocorrida nesta semana, também gerou uma contenção ainda maior no crédito, o que dificulta a obtenção de empréstimos por empresas e cidadãos.

A perda ocorreu logo após o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, limitar a aplicação de leis estrangeiras no país, o que impediria bancos de obedecer determinações do governo dos EUA.

 

Medo

De acordo com um dirigente do setor do varejo, o comércio é o setor mais sensível da economia, já que depende muito da percepção do consumidor. Diante do risco de uma crise, há uma tendência de retração, de cancelamento ou de adiamento de compras.

Aceleração

O primeiro semestre foi muito bom para o comércio, mas a permanência do juro alto começou a atrapalhar. A divulgação das primeiras medidas de Trump contribuiu para acelerar o processo, mesmo sem que tenha havido consequências diretas no preço dos produtos.

Decisão fez bancos restringirem empréstimos

Bancos dificultaram crédito depois de queda de ações | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

De acordo com o dirigente, a perda do valor de mercado dos bancos registrada na terça — estimada em R$ 41,3 bilhões — foi imediantamente sentida no mercado de crédito.

As instituições financeiras ficaram mais rigorosas na concessão de empréstimos e aumentaram seus juros. Isso restringe o capital de giro de empresas, que tratam de usar apenas o próprio dinheiro e reduzem investimentos.

As altas taxas também contribuem para uma diminuição de novos negócios, na medida em que aplicações financeiras têm superado com folga a inflação. "Os rentistas estão na praia, vivendo muito bem", diz.

Risco

Para ele, as consequências tendem a ficar mais graves caso não haja uma negociação entre os governos do Brasil e dos EUA capaz de barrar novas medidas baseadas na Lei Magnitsky. Até transações com gigantes como a Amazon correm o risco de ser afetadas.

Fuga

Ressalta também que, diante de um aumento de sanções e da insegurança, há o risco de saída de grandes investidores estrangeiros, norte-americanos, principalmente, do Brasil. Um movimento capaz de afetar as empresas de capital aberto, com ações em bolsa.

Opção

A pesquisa Genial/Quaest reforçou o coro dos conservadores que defendem uma chapa de direita com menores teores de bolsonarismo. Houve um perceptível aumento da rejeição a Jair Bolsonaro na direita moderada e nos eleitores que não estão de um lado ou de outro.

Alternativa

No grupo dos que não estão nem à direita nem à esquerda, 41% votariam em Lula e apenas 21% em Bolsonaro. Para partidos mais ao centro seria importante ter um candidato que disputasse o eleitor nem-nem: avaliam que o antipetismo garantirá o voto bolsonarista.