Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Crise com EUA faz Brasil cancelar evento militar

Militares dos dois países na Operação Formosa de 2024 | Foto: Marinha do Brasil

A crise com Donald Trump foi a principal razão para o Ministério da Defesa cancelar a edição 2025 da Operação Formosa, promovida pela Marinha, em Goiás. Como ocorreu no ano passado, o exercício contaria com a presença de militares norte-americanos.

O Correio Bastidores apurou que o desgaste com os Estados Unidos contaminou o contato entre militares dos dois países. Isso, a ponto de o governo brasileiro achar melhor não ter, neste momento, a presença de tropas norte-americanas em território nacional.

Militares de outros países participariam do exercício, em setembro. Oficialmente, o cancelamento foi por dificuldades orçamentárias. Desde o dia 11 que tropas da Marinha se deslocavam para Goiás.

 

Inferiores

Há semanas que militares em cargos de comando sentem os efeitos da crise. Entre os sinais está a decisão dos EUA de passar a mandar oficiais de patentes inferiores para reuniões com brasileiros. Coronéis e capitães de mar e guerra têm substituído oficiais-generais.

Foi pro espaço

Militares norte-americanos também indicaram que poderiam não participar da Formosa. Ontem, a Folha de S.Paulo publicou que os EUA cancelaram a edição deste ano da Conferência Espacial das Américas, que ocorreria em julho, em Brasília, promovida com a FAB.

Derrota irrita governo, que responsabiliza Randolfe

Planalto cobrou empenho de líder no Congresso | Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

A derrota na escolha do comando da CPMI do INSS azedou o humor no Planalto, que havia acordado feliz com a pesquisa Genial/Quaest que consolida tendência de recuperação da popularidade do presidente Lula.

Na tarde de ontem, o governo reclamou da atuação de sua base no Congresso e até do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), chamado às pressas para uma reunião com Lula.

O drible tomado da oposição foi atribuído, principalmente, a falhas de articulação do líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP). Para o Planalto, sobrou inocência e faltou empenho.

Erro fatal

Para o governo, as lideranças não poderiam ter confiado que a oposição respeitaria o encaminhamento decidido por Motta e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Até porque os bolsonaristas andam insatisfeitos com o presidente da Câmara.

No ataque

O Planalto alega que a ocupação das mesas das duas casas e o apoio às medidas de Trump foram sinais de que a oposição está pintada para a guerra e não quer dar qualquer trégua para o governo. A ordem agora é catar os cacos e responder na mesma medida.

Jogo duro

Ainda que aponte tendência favorável a Lula, a pesquisa mostra que seu governo tem uma avaliação majoritariamente negativa — 51 de desaprovação contra 46 de aprovação — e que a polarização continua muito forte. Ou seja, não dá para achar que o jogo está decidido.

Resistência

Um dado que chama a atenção do governo é a resistência que enfrenta junto a setores da classe média, com renda familiar entre dois e cinco salários mínimos. Neste grupo, que representa 42% dos eleitores, a avaliação negativa é de dez pontos (era de nove).