União Brasil, Progressistas e Republicanos articulam uma frente para convencer o governador do Paraná, Ratinho Junior, a deixar o PSD e se filiar a um desses três partidos.

A mudança de toca está relacionada à disputa presencial. Os presidentes das três siglas — Antônio Rueda, Ciro Nogueira e Marcos Pereira, respectivamente — avaliam que, hoje, Ratinho seria o candidato mais viável da oposição.

A provável condenação de Jair Bolsonaro e o desgaste da família com as sanções norte-americanas complicam a presença do sobrenome do ex-presidente na cabeça de chapa.

A resistência de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, ao Centrão dificulta sua escolha.

Até pelo peso econômico de seu estado e por seu compromisso com Bolsonaro, seu padrinho, Tarcísio tem assumido posições divergentes no caso do tarifaço imposto por Trump. Ele também não diz de maneira clara que quer ser candidato ao Planalto em 2026.

O fato de Ratinho ser de um estado menor é visto como uma vantagem, isso faz com que ele não seja alvo frequente de questionamentos. O antipetismo tenderia a compensar o desconhecimento do governador por muitos eleitores — eles votariam para derrotar Lula.

O principal argumento dos três partidos para convencer Ratinho é a possibilidade de ele se livrar das amarras colocadas pelo presidente — na prática, dono — do PSD, Gilberto Kassab.

O ex-prefeito paulistano, além de ser ligado a Tarcísio, tende a submeter temas nacionais a interesses regionais, como ocorre em São Paulo e no Rio.

No União ou no PP ou no Republicanos, Ratinho teria maior liberdade para tocar seu projeto presidencial e deixar que os próprios partidos resolvessem seus interesses nos estados.

Por enquanto, Ratinho joga parado, mas sabe que não lhe faltam alternativas, nem queijo.

Corredores da Câmara dizem que os deputados Elmar Nascimento (União-BA) e Doutor Luizinho (PP-RJ) preparam o projeto que dificulta processos contra parlamentares. Para a abertura das ações contra senadores ou deputados seria exigida licença de cada Casa.

Essa prerrogativa existia no texto original da Constituição de 1988 — escrita logo depois do fim da ditadura —, mas foi substituída em 2001. Desde então, a Câmara e o Senado podem apenas suspender, mas não impedir ou arquivar, processos contra seus integrantes.

A nova emenda à Constituição seria pautada na próxima semana pelo presidente da Câmara, Hugo motta (Republicanos-PB). Ontem, à Globonews, ele confirmou que o tema está sendo discutido, mas não disse se a autorização seria exigida também para crimes comuns.

Motta ressaltou que hoje há muitos parlamentares sendo processados por delito de opinião, o que é vedado pela Constituição (eles são invioláveis por suas "opiniões, palavras e votos"). O presidente tentou relacionar a volta do privilégio ao fim da prerrogativa de foro.