Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Bolsonarismo enfrenta a ressaca do motim

Deputados de oposição impediram trabalhos | Foto: José Cruz/Agência Brasil

As nuvens ficaram mais carregadas no céu dos parlamentares bolsonaristas. O motim que travou Câmara e do Senado, a tentativa de forçar a barra para votar o fim da prerrogativa de foro e a comoção gerada pelo vídeo do youtube Felca minaram a tentativa da oposição de impor rapidamente suas pautas.

O corpo mole do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB) também pesou.

Para um deputado do Centrão que conhece bem a Casa, não é hora de arrumar brigas desnecessárias, que comprometam até o futuro partidos como o seu, decisivos na definição de rumos do Congresso.

Em outras palavras, o momento é de baixar a bola e evitar posturas que soem mais radicais.

 

Paciência

Boa parte dos parlamentares quer o fim do foro privilegiado para assim jogar na primeira instância processos contra eles que correm no Supremo Tribunal Federal, cujas decisões não podem ser reformadas. Mas eles não têm necessidade de resolver o assunto logo.

Moderado

O próprio Jair Bolsonaro, que, no limite, poderia ser beneficiado com a medida, também aconselhou um recuo estratégico. Segundo um aliado, avalia que forçar a barra agora — com Trump, com tudo — poderia ser prejudicial até para a aprovação do projeto de anistia.

Motta ironiza e manda oposição procurar Arthur Lira

Deputado Hugo Motta | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) tem sido irônico com deputados bolsonaristas que lhe cobram a inclusão na pauta da PEC do foro e do projeto de anistia. São parlamentares que fazem questão de citar o acordo que pôs fim à rebelião na Casa.

Motta tem dito que eles deveriam dirigir suas cobranças ao seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL), que, no auge da crise, reuniu-se com integrantes da oposição — o tal compromisso foi articulado durante a conversa.

Ao decidir tocar a bola pro lado, Motta tenta mostrar força e recuperar seu prestígio, abalado à esquerda e à direita desde a eclosão do motim.

 

Não é com ele

Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), finge que nada aconteceu — sequer sido cobrado para punir senadores que se acorrentaram à Mesa Diretora. Ele driblou um confronto mais direto ao convocar uma sessão remota no meio da confusão.

Esquecido

As imagens que ficaram marcadas são do tumulto ocorrido na Câmara, quando Motta voltou ao plenário para reassumir seu lugar à Mesa. Alcolumbre, por sua vez, nem mencionou o protesto violento da oposição ao abrir a sessão no último dia 7.

Vista

Um eventual pedido de vista de Luiz Fux que retarde a sentença de Bolsonaro não será o primeiro dele a causar muita discussão. Em 2012, o ministro foi responsável por paralisar uma ação que questionava a legalidade de penduricalhos em salários de juízes do Rio.

Escolhida

Ele devolveu o processo em 2017, cinco anos e sete meses depois — não havia prazo para pedidos de vista no STF. Em 2016, Marianna Fux, então com 32 anos, filha do ministro, foi a mais votada por desembargadores fluminenses para virar colega deles. Ela acabou sendo nomeada.