Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Partidos buscaram saída — com Supremo, com tudo

Motta e Alcolumbre tomaram decisões diferentes | Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

Partidos não alinhados de maneira firme nem com o governo nem com o bolsonarismo passaram o dia de ontem tentando uma saída para o impasse provocado pela ocupação de mesas da Câmara e do Senado.

O grupo, que incluia o Centrão, buscava uma saída que incluísse o Supremo Tribunal Federal. Mas a alternativa "Com o Supremo, com tudo" ficou difícil diante de reivindicações do grupo de oposição, focadas no próprio STF. Eles querem anistia para golpistas, fim do foro privilegiado e impeachment do ministro Alexandre de Moraes.

A alternativa seria a corte amenizar restrições ao senador Marcos do Val (Podemos-ES), mas o fator Jair Bolsonaro acabou sendo decisivo para a intransigência da oposição.

 

Surpresa

A decisão de Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, de bancar a abertura de sessão surpreendeu deputados de diversas tendências. Havia a expectativa de que, como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), ele convocasse sessão remota.

Sem acordo

A radicalização ocorrida com a entrada de Donald Trump na briga e a prisão de Jair Bolsonaro dificultam também a aceitação, por bolsonaristas, de projeto de anistia que beneficie apenas as pessoas que atuaram diretamente nos atos de vandalismo do 8 de Janeiro.

Deputada levou neném para barrar retomada

Deputados bolsonaristas ocupam mesa da Câmara | Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

Para tentar impedir a retomada do plenário pelos seguranças, a deputada Julia Zanatta (PL-SC) levou a filha recém-nascida a mesa da Câmara.

Em live feita pelo colega Nikolas Ferreira (PL-MG), ela desafiou Motta, ressaltou que ele dissera ser contra ditaduras — bolsonaristas alegam que o STF reprime liberdades.

O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) demonstrou confiança: às 21h, disse para a coluna que a ordem seria restabelecida.

À tarde, havia no Congresso a previsão de que, na falta de acordo, Motta e Alcolumbre jogariam com o esvaziamento do Congresso nos fins de semana — que, por lá, costuma começar às quintas.

Lá e cá

A nota do MDB sobre a crise reflete bem a tentativa do grupo majoritário da Câmara de não fechar portas para ninguém. O texto cita que a instabilidade política atrapalha muito, afirma que o partido acredita na harmonia e na independência entre os poderes.

Condenação

O MDB sequer condena ou defende a prisão de Bolsonaro. Apenas não considera "saudável" comemorar a prisão de um ex-presidente. Uma primeira versão do texto frisou a necessidade de respeito a decisões judiciais, mas o partido considerou que isso estava implícito.

Assinatura

Havia, entre os bolsonaristas, a expectativa de que a 41ª assinatura de abertura de processo de impeachment de Moraes fosse do senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro de Bolsonaro. Mas ele preferiu ficar fora — e tomou bronca pública do pastor Silas Malafaia.

Queridinho

Ao destacar a defesa do Pix pelo governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tratou de seguir o que indicam pesquisas encomendadas pelo Planalto. Adotado e querido pela população, o meio de pagamento fica acima das disputas ideológicas e mina o apoio a Trump.