Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Esquerda, direita e a dificuldade brasileira

Almeida revisita a cabeça da população | Foto: Alex Silva/Divulgação

A nova edição de "A cabeça do brasileiro" (Difel), do cientista político Alberto Carlos Almeida, desafia algumas supostas certezas afirmadas entre nós.

Mostra que apesar da polarização, boa parte dos brasileiros não sabe conceituar esquerda e direita. Mais: os percentuais aumentaram entre 2002 (quando foi feita a pesquisa em que se baseou o primeiro livro) e 2022/2023.

Há 20 anos, 23% disseram não saber o que era ser de esquerda — o percentual subiu para 47%. Em relação a ser de direita, o desconhecimento era de 21% e passou para 46%.

Isso, porém, não impediu que, no período, o número de adultos que se disseram à esquerda subisse de 22% para 29%; os à direita, de 39% para 43%. Os de centro caíram de 39% para 28%.

 

Percepções

Almeida e o também cientista político Lucio Rennó — que escreveram o capítulo que trata do tema — afirmam que esquerda e direita acabam sendo identificadas a partir de percepções mais amplas, menos ligadas a aspectos econômicos que definem essas ideologias.

Duas décadas

Em 2002, quando o PT ainda não havia conquistado a Presidência, 38% disseram que ser de esquerda era fazer oposição, percentual que caiu para 23%. Ser de direita era ser situação há 20 anos para 40% — o que caiu para 22% na nova rodada da pesquisa.

Cidadãos convergem em relação a temas econômicos

Lula e Bolsonaro: diferentes percepções do eleitor | Foto: Reprodução

Há 20 anos, ser de esquerda remetia a "defender os pobres, o povo e o social" (19%) e "estar do lado errado (15%). Os índices passaram para 26% e 11%.

Ser de direita era visto como "estar do lado certo e fazer as coisas certas" (24%) e "governar bem e pensar no bem comum" (11%) — na nova pesquisa, percentuais de 24% e 9%. A direita é identificada a ideias relacionadas a ordenamento social e cumprimeiro de regras.

Em temas econômicos, porém, como atuação do Estado na saúde, no socorro a empresas e taxação de produtos importados, as diferenças são pequenas entre os que disseram estar à esquerda ou à direita.

Mello 1

Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello é taxativo ao condenar quem faz e apoia a retaliação ao país. À coluna, disse que quem concorda com Eduardo Bolsonaro, Paulo Figueiredo e Donald Trump "apoia, implicitamente, seus atos desleais contra o Brasil!".

Mello 2

Aposentado desde 2020, quando deixou o STF, o advogado não economiza palavras para criticar ações bolsonaristas: "Trair a Pátria constitui um dos atos mais indignos, infamantes e vergonhosos que um brasileiro pode cometer contra a sua própria nacionalidade!", diz.

Ratinho

Caso seja candidato ao Planalto, o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD) — filho do apresentador Ratinho — não será o primeiro aspirante à Presidência ter um apelido com referência aos roedores. O pioneiro recebeu a alcunha de maneira pejorativa.

'Rato'

Em 1945, o engenheiro Yedo Fiúza, ex-prefeito de Petrópolis (RJ), foi lançado candidato à Presidência pelo PCB. O já então influente e anticomunista Carlos Lacerda descobriu supostas falcatruas atribuídas ao político e, no Diário Carioca, passou a chamá-lo de "Rato Fiúza".