Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Setores da direita falam em terceira via para Planalto

Relação de Bolsonaro com Trump preocupa aliados | Foto: Alan Santos/PR

São apenas duas palavras e cinco sílabas que ainda estão sendo meio sussurradas pelas ruas à direita.

Mas as confusões armadas pela família Bolsonaro em torno da chantagem de Donald Trump ao Brasil estimulam uma conversa sobre uma eventual terceira via na disputa presidencial: a busca de um candidato de centro direita que tente romper a polarização entre Lula e o bolnonarismo.

As conversas, que ocorrem principalmente entre políticos que se dizem de centro, ainda são discretas. Ninguém quer saber de brigar com Jair Bolsonaro e filhos.

Apesar do desgaste das últimas semanas e de indicativos de recuperação da popularidade de Lula, as pesquisas mostram uma grande resiliência do ex-presidente.

 

O preferido

A inegibilidade de Bolsonaro e sua provável condenação criaram um cenário favorável a um candidato que encarnaria uma suposta versão light do bolsonarismo. Um desenho que apontava para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Efeito Trump

Os defensores dessa alternativa admitiam a presença de um sobrenome Bolsonaro na vaga de candidato a vice-presidente, uma prova do compromisso com o chefe do clã. Mas a aprovação, pela família, das atitudes de Trump contra o Brasil complicou tudo.

Radicalismo complica busca de moderados

Nikolas Ferreira é um dos que criticaram fala de Lula | Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Segundo um político que pensa na terceira via, o tudo ou nada dos Bolsonaros dificulta a adesão do eleitor moderado, tira de Lula e do PT a pecha de radicalismo e devolve para a esquerda a bandeira do nacionalismo.

As críticas de Eduardo Bolsonaro a Tarcísio complicam a possibilidade de este trocar uma reeleição quase certa ao Palácio dos Bandeirantes por uma aventura presidencial em que vai apanhar da esquerda e da extrema direita.

Na ânsia de defender o pai e de garantir para sua família o protagonismo em seu campo político, Eduardo arrumou briga até com o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).

Fogo amigo

Para o parlamentar de centro, será impossível manter sob controle o Bolsonaro que estiver como vice na chapa da direita. Há o temor que, na campanha, os conflitos internos sejam maiores que os embates com Lula, que provavelmente tentará a reeleição.

Sem traíras

O problema é que Bolsonaro é dono de muitos votos, e ninguém da direita quer ser chamado de traidor. Antes de a crise com os Estados Unidos estourar, o ex-presidente elogiou a possibilidade de conservadores lançarem vários candidatos no primeiro turno.

Liberado

Dono de um canal de direita no Youtube, o advogado Marcelo Suave pediu ao Supremo Tribunal Federal "autorização judicial expressa" para entrevistar Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes respondeu que o ex-presidente não foi probido de dar entrevistas.

Escolhido

O sempre cobiçado MDB deu um discreto sinal de fidelidade ao governo. Convidado para participar de um evento da XP, o presidente do partido, deputado Baleia Rossi (SP), mandou como representante o ministro dos Transportes, Renan Filho, fiel escudeiro de Lula.