As medidas tomadas pelo Supremo Tribunal Federal contra Jair Bolsonaro fizeram com que o PL decidisse cobrar de maneira explícita um apoio do Centrão — quer que os partidos do grupo façam um "desembarque imediato" do governo, abandonem seus ministérios.

Líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavacante (RJ) diz que essas legendas precisam mostrar de que lado estão e se vão mesmo querer caminhar com a direita na eleição de 2026.

Comandam ministérios representantes de partidos de viés conservador, como Republicanos, PP, União Brasil, PSD e MDB.

Sóstenes chegou a fazer, no X (ex-Twitter), um apelo para essas agremiações rompessem com o governo. Agora, o pedido ganha ares de cobrança.

Ele diz que mandou o texto de seu post para líderes e dirigentes dos partidos e ainda aguarda respostas. Para Sóstenes, o Centrão precisa mostrar se tem "conteúdo ideológico" ou se está apenas interessado em cargos. Segundo ele, a polarização da sociedade veio para ficar.

Sóstenes admite a possibilidade de a cobrança gerar um isolamento do PL e dificultar ainda mais a aprovação da anistia, mas frisa que o risco é calculado. Ressalta que uma indefinição ajudará a engordar ainda mais o número de deputados do PL na janela de 2026.

Integrantes do Centrão indicam ignorar a convocação do PL — na prática, tomam uma posição. Até porque as pressões de Trump devem aumentar nesta semana.

Houve até quem ressaltasse que Sóstenes, ao fazer a cobrança pública, cometeu o erro de chamar o grupo de partidos de "Centrão", denominação que carrega um tom pejorativo (essas agremiações dizem que são de centro).

O MDB nacional mandou um recado: publicou em redes sociais imagens do governador do Pará, Helder Barbalho, que, vestido com de camisa da seleção brasleira, repudia o tarifaço norte-americano e fala em soberania nacional.

Líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ) fez uma provocação no Instagram que trata da possibilidade de Trump mandar bloquear bens, nos Estados Unidos, de ministros do STF. No post, insinua a possibilidade de que parte desses bens tenha origem irregular.

No texto, afirmou querer saber quais são os bens e como foram adquiridos. Completou: "Escritórios de parentes desses ministros já dominaram a advocacia e trabalham em causas julgadas pelos mesmos, e é exatamente a esse conjunto de coisas que me refiro."

Os presidentes da Câmara e do Senado rejeitaram o pedido do PL de interrupção do recesso diante das medidas tomadas contra Bolsonaro. Mas deputados e senadores do partido farão plantão em Brasília a partir de hoje: Sóstenes promete recebê-los no aeroporto.

Ao manter o visto de Luiz Fux, o governo dos EUA complicou a vida do ministro: atestou que ele — ao lado de Nunes Marques e André Mendonça (indicados por Bolsonaro e também poupados) — demonstra simpatia pelo ex-presidente. Levantou uma suspeição.