Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Governo avalia que jogo no Congresso ainda é duro

Motta mostrou que Planalto precisa negociar | Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

O veto de Lula (PT) ao aumento do número de deputados federais, a vitória do governo no Supremo Tribunal Federal no caso do IOF e aprovação, pela Câmara, do uso de R$ 30 bilhões para socorrer o agronegócio ressaltaram que a relação entre os poderes continua tensa.

Na avaliação de um petista com acesso ao presidente, os gols marcados pelo Planalto nas últimas semanas não resolveram a relação com o Congresso Nacional — um dos alvos da campanha de petistas em redes sociais.

Ressalta que o mais importante foi o governo sair da defensiva em relação ao IOF e ter marcado posição firme contra o aumento das tarifas definido por Donald Trump. Medidas que ajudaram a reverter a queda de popularidade de Lula.

 

Paz distante

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), mostrou que faz jogo duro. Ao lado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), até mudou de tom no caso Trump e engrossou o coro contra os EUA — mas a paz com o governo ainda está longe.

Acordo verde

O próximo teste será em relação a eventuais vetos ao chamado PL da Devastação, aprovado pelo Congresso. O governo não fez pressão contra, mas sentiu a reação de setores da sociedade. Tentará um acordo para diminuir os danos, até por estar às vésperas da COP30.

Pesquisa: bolsonaristas resistem a Tarcísio

Governador de São Paulo passou a brigar por anistia | Foto: Secom

As divergências em torno da retaliação de Trump ao Brasil agravaram a desconfiança de simpatizantes de Jair Bolsonaro em relação a Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Dados da pesquisa Quaest divulgada ontem mostram que, entre os eleitores autodeclarados bolsonaristas, apenas 20% acham que o ex-presidente deve apoiar o governador de São Paulo para o Palácio do Planalto em 2026.

Entre os integrantes desse grupo, 33% preferem a candidatura de Michele Bolsonaro, que não tem qualquer experiência na política. Depois vem o deputado licenciado e autoexilado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), com 22%.

Divergências

A mesma pesquisa revela o tamanho do impasse na oposição: Tarcísio é o favorito, com 33% das indicações, entre os eleitores que se consideram à direita, mas não bolsonaristas. A maioria deles — 52% — acha que o ex-presidente sequer deveria se candidatar, mesmo se pudesse.

Teto de Lula

Um ponto parece pacífico — tudo indica que o país vai continuar polarizado. Líder num eventual segundo turno em todos os cenários da pesquisa, o presidente Lula teria entre 41% e 43% dos votos. Atinge a maior pontuação contra adversários da família Bolsonaro.

Bênção

Como ressalta o cientista político Alberto Carlos Almeida: qualquer candidato da direita terá que ter a bênção do ex-presidente. Isto, apesar de Bolsonaro não cansar de mostrar que só confia nele e em seus parentes. "Ele não teve grupo político nem na Câmara", observa.

União

Petistas e bolsonaristas brigam por quase tudo, mas concordam na rejeição ao aumento no número de deputados federais. A medida, aprovada pelo Congresso e vetada por Lula, é condenada por 84% dos simpatizantes do ex-presidente e por 77% dos que gostam do atual.