Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Pesquisa: governo comemora, mas esperava um pouco mais

"Eu não sou mineiro, mas sou bom de truco. Se ele tiver trucando, ele vai tomar um seis", brincou Lula. | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A pesquisa Atlas/Bloomberg que mostrou uma recuperação de popularidade do presidente Lula e a aprovação de sua política externa foi comemorada — mas com ressalvas — no governo.

Para o Planalto e aliados no Congresso, o levantamento é importante por mudar a tendência de desaprovação e de sugerir um empate entre os que gostam e os que não gostam do governo.

Mas, no fundo, o petismo esperava que, depois de três semanas de ataques bem aplicados nas redes sociais, o placar fosse um pouco mais favorável.

Desde o fim de junho que o Planalto e o PT conseguiram emplacar motes como a história do pobres contra ricos, justiça social, Congresso inimigo do povo e resistência à ofensiva de Donald Trump.

 

Resiliência

Na avaliação de petistas históricos, a variação, ainda que favorável, de apenas quatro pontos entre índices de aprovação e reprovação demonstra a "resiliência" da extrema direita e ressalta que a briga política é maior e mais ampla, não se resolve com algumas notícias.

Vitória

A interrupção do movimento de queda na popularidade de Lula reforçou a posição dos que incentivaram a postura de maior embate nas redes sociais. Pela primeira vez desde a ascensão do bolsonarismo, a esquerda conseguiu sair vencedora nesse campo.

Planalto quer buscar consenso com exportadores

Vice Geraldo Alckmin se reuniu com empresários | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Passados os primeiros momentos de reação e de afirmação enfática da soberania brasileira, o governo quer, agora, aproveitar a crise para se aproximar de empresários, principalmente do pessoal do agro, mais resistente ao petismo e mais entusiasta da direita.

A estratégia, agora, passa a ser a busca de consensos, de denominadores comuns — e de tentar impedir qualquer divisão.

A ordem do Planalto inclui diminuir o peso da questão política presente em toda essa história e tão ressaltada por Lula, pelo ex-presidente e aliados. O que se quer é dar a ideia de busca de solução para algo que afeta o país como um todo.

Contraponto

Uma postura sóbria serviria até de contraponto às brigas na oposição, especialmente entre o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). No centro desta briga está a questão política e a anistia.

Dinheiro no caixa

Na avaliação do governo, os empresários, principalmente os do campo, podem até estar preocupados com a provável prisão do aliado Jair Bolsonaro, mas querem mesmo é saber de seus negócios e de seus lucros, agora ameaçados pelo governo norte-americano.

Queridinho

A derrapada de Tarcísio, que, num primeiro momento não foi solidário às empresas brasileiras, tem sido comemorada. Como quem não quer nada, o governo quer passar a imagem de o governador, queridinho da Faria Lima, priorizou sua fidelidade ao bolsonarismo.

Futuro

Apesar das batidas de cabeça da oposição, o Planalto não tem uma leitura mais concreta do que poderá ocorrer no Congresso daqui pra frente. Como a coluna mostrou ontem, a discussão da anistia deve ser mais uma vez adiada, mas o caso IOF depende de conversas com o STF.