Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Tarifaço inviabiliza votação de anistia neste mês

Motta pautou propostas para pagar dívida | Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Até o PL admite que a confusão em torno do tarifaço norte-americano inviabilizou a apresentação, pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) de um projeto de anistia que seria votado ainda neste mês.

"Agora ficou ruim", afirma o líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavacante (RJ). Na carta aberta enviada ao presidente Lula, Donald Trump reclamou de uma perseguição a Jair Bolsonaro — dois dos filhos do ex-presidente, Eduardo e Flávio, disseram que uma anistia ampla seria essencial para que as sanções fossem revogadas.

Para Sóstenes, não é possível saber se a pressão do presidente norte-americano prejudica a concessão do benefício ou se o favorece e até colabora para sua ampliação.

 

Complicação

Mas, segundo ele, é inegável que a pressão feita por Trump complicou a apresentação, agora, do projeto de Motta, uma anistia que seria voltada para tirar da cadeia os já condenados. A proposta, que também teria votação rápida no Senado, não beneficiaria Bolsonaro.

Subserviência

Sóstenes ressalva não ter conversado com Motta, mas diz ser preciso deixar o tema "decantar". Outro deputado, da base do governo, disse à coluna ter ouvido do presidente a informação sobre o adiamento do projeto: a votação hoje, soaria como subserviência aos EUA.

Campanha de Eduardo repercute mal até na direita

Eduardo Bolsonaro sabe que o movimento liderado por seu pai precisa do embate | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Este mesmo deputado, que transita bem na oposição, diz ter percebido, pela primeira vez, uma irritação de parte da extrema direita com a família Bolsonaro.

Um descontentamento, principalmente, com a decisão de Eduardo tirar licença do seu mandato de deputado para "fazer pressão sobre o Brasil".

Sóstenes, por sua vez, ressalva que o filho 03 de Bolsonaro jamais defendeu o estabelecimento de sanções comerciais contra o país: Eduardo e Paulo Renato Figueiredo Filho, neto do ex-presidente João Figueiredo, buscavam punições que atingissem o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Tempo

O problema, frisa o líder do PL, tem a ver com o estilo americano de atuar — nem sempre eles fazem o que se espera. "Não pedimos que houvesse uma intervenção na área econômica", ressalta. Diz que só o tempo dirá se isso terá consequências políticas para a direita.

Foguetes

Segundo ele, até um eventual desgaste entre grupos mais alinhados à direita deverá ser revertido a partir de novos fatos. "Empresários que estão agora um pouco chateados vão soltar foguetes quando vierem as punições ao Alexandre de Moraes", prevê.

Agenda

Como o Correio Bastidores anunciou na última sexta-feira, a reunião, hoje, entre lideranças empresariais, entre eles, exportadores, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços já estava marcada desde bem antes do anúncio das sanções de Trump.

Tema de hoje

Essas conversas são realizadas a cada 45 dias e servem para que governo e empresários ajustem algumas posições. O tarifaço, porém, será o principal tema das discussões de hoje — a exemplo do que fez outras vezes, Geraldo Alckmin, ministro e vice-presidente, estará lá.