Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Reação ao tarifaço ameaça candidatura de Tarcísio

Governador culpou Lula e não criticou Trump | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A confusão em torno da chantagem tarifária de Donald Trump ameaça a candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) à Presidência.

Há uma semana, a direita e a centro direita davam como certa a presença do governador de São Paulo na disputa pelo Planalto em 2026.

Ele próprio fez movimentos nessa direção, intensificou contatos, tratou de procurar amenizar desconfianças entre bolsonaristas.

A crise de popularidade de Lula (PT), as derrotas do governo no Congresso, a simpatia do Centrão e as pressões de empresários serviam de estímulo.

Mas o tarifaço e a repercussão negativa à sua reação às medidas complicaram o jogo e reforçaram seu desejo de tentar a reeleição

 

Bola fora

Na avaliação de um aliado, Tarcísio, na ânsia de se mostrar fiel a Jair Bolsonaro (PL), errou feio ao reagir de maneira imediata ao anúncio de Trump e de jogar toda a culpa em Lula. Ele não criticou o governo norte-americano e ignorou o efeito das medidas no Brasil.

Boné trumpista

No dia seguinte, o governador procurou amenizar o discurso, falou dos problemas que seriam enfrentados por empresas brasileiras — e foi a Brasília encontrar-se com o ex-presidente. Àquela altura, sua foto com o boné trumpista já havia viralizado nas redes sociais.

Ao adaptar falas, governador irritou bolsonaristas

Padrinho de Tarcísio, ex-presidente exige fidelidade | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Ao tentar emendar o soneto, Tarcísio despertou a ira bolsonarista: seu encontro com o chefe da embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, foi encarado como traição, pois esvaziaria a a ideia de que o tarifaço só será revogado com uma anistia.

Tarcísio cultivava a imagem de direita moderada que fazia concessões ao bolsonarismo, algo sintetizado na camisa azul (e não amarela) da seleção que usava nos atos em defesa do ex-presidente.

Agora, passa a imagem de dubiedade: precisa mostrar serviço aos empresários prejudicados por Trump ao mesmo tempo em tenta ser fiel a Bolsonaro. E gera insatisfação nos dois lados.

Traição

O PT, agora afinado com a agressividade das redes sociais, não perdeu tempo para surfar na crise. Ainda na sexta, despejou vídeos e imagens acusando a família Bolsonaro e a direita de traírem o país. Passou a usar, com as cores da bandeira, a marca "Defenda o Brasil".

Cenários

Um dos vídeos mostra trabalhadores diante de cenários que simulam indústria de aviões, frigorífico e plantação de laranjas, setores afetados pelas medidas. O bolsonarismo reagiu, publicou arte em que acrescenta a expressão "do PT" ao apelo de defesa do Brasil.

Lira e os 10%

Muita gente estranhou o gesto do deputado Arthur Lira (PP-AL) de ampliar a faixa de beneficiados pelas mudanças no imposto de renda e ainda manter a taxação de 10% aos mais ricos. A decisão não tem nada de ideológica, é resultado do acordo feito em Alagoas.

Senado

Para nomear a procuradora Maria Marluce Caldas Bezerra para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça, Lula arrancou do sobrinho dela, o prefeito de Maceió, JHC, o compromisso de ficar no cargo. Assim, abriu caminho para Lira ser candidato a senador em 2026.