Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Reação a tarifaço altera fala de governadores

Elite do Novo estará em Campinas na quinta (30) para encontro com a população, intitulado "O Brasil que queremos: Liberdade & Progresso" | Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG

A mudança de tom dos governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Romeu Zema (Minas Gerais) mostrou que ambos perceberam uma reação negativa às medidas de Donald Trump. Na quarta, eles culparam Lula pela decisão norte-americana.

Análises de redes sociais revelaram a percepção majoritária de que as medidas, comemoradas por bolsonaristas, serão prejudiciais ao Brasil.

Exportadores fizeram chegar aos governadores que a imposição de sobretaxa de 50% a produtos brasileiros representará um baque em suas atividades.

Ontem, Tarcísio voltou a criticar o governo, mas citou prejuízos para o estado. Zema disse que erros do governo brasileiro não justificam a decisão de Trump.

 

Culpados

A oposição, porém, insistirá em responsabilizar o governo e até mesmo o Supremo Tribunal Federal pela reação norte-americana. Líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ) diz que a postura de Lula na reunião do Brics foi decisiva para as medidas de retaliação.

Venezuela

Para Portinho,o presidente brasileiro provocou a reação norte-americana ao insistir que países deveriam criar alternativas de comércio que não dependessem do uso do dólar. Diz que, se radicalizar, Lula apontará o caminho para a "venezuelização" do país.

Depois do susto, muitos falam em negociar com os EUA

Lula: novas críticas ao presidente dos Estados Unidos | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Passado o primeiro impacto, a palavra mais repetida ontem foi "negociação". Lula manteve o tom de crítica a Trump, mas o Itamaraty avalia que é melhor aguardar um pouco, até porque o presidente norte-americano costuma voltar atrás em muitas de suas decisões mais contundentes.

Presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro ressalta que a sobretaxa encarece a vida dos norte-americanos e afeta, por exemplo, a produção da indústria automobilística que precisa do aço brasileiro.

"O Trump age na emoção, não costuma levar em conta aspectos técnicos", ressalta.

Reunião

Na próxima terça, a AEB e entidades representativas do setor industrial participarão de reunião no Ministério do Desenvolvimento, comandado por Geraldo Alckmin. O encontro é periódico, já estava marcado, mas o tarifaço deverá ser o grande tema.

Boca fechada

Para Castro, o importante agora seria o presidente Lula evitar novas declarações contra o colega norte-americano e deixar que diplomatas passem a cuidar do assunto. "Ele (Lula) quer ter ganhos políticos com essa história, mas deveria ficar quieto", afirma.

Voo ameaçado

A queda nas ações da Embraer mostra o tamanho do problema de uma das poucas empresas brasileiras que exportam produtos de alta complexidade para os EUA. Além de ser punida com a sobretaxa de 50%, seria também prejudicada com uma retaliação tarifária.

Marisco

A imposição de tarifas punitivas a produtos importados dos EUA terminaria de complicar a vida da Embraer, que compra vários componentes por lá, como motores para seus aviões. A empresa ficaria de marisco na briga do rochedo Brasil com o mar norte-americano.