Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Para exportador, sobretaxa de Trump é "para inimigo"

Castro diz que ninguém imaginava taxa de 50% | Foto: Divulgação

Presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro se disse surpreso com a sobretaxa de 50% aplicada por Donald Trump a produtos brasileiros. "Isso só se faz com o pior inimigo", afirmou.

Segundo ele, o empresariado esperava uma sobretaxa em torno de 10%. A medida, ressaltou, inviabiliza uma série de exportações para os Estados Unidos e afeta, principalmente, produtos manufaturados. "Houve falta de bom senso", reclamou.

Castro revelou ter esperança de que o presidente norte-americano, como fez outras vezes, volte atrás em sua decisão.

Ressaltou que a medida complica também exportações para outros países, que podem temer contrariar um país poderoso como os Estados Unidos.

 

Vara curta

Mais cedo, antes do anúncio da sobretaxa, ao falar com a coluna, Castro avaliou que o Brasil, durante o encontro do Brics, havia "cutucado a onça com vara curta". Para ele, a realização da reunião no Rio e declarações do presidente Lula irritaram o governo norte-americano.

Cuidados

Ele frisou que o Brics reúne os dois principais rivais dos Estados Unidos, a China e a Rússia, e que houve "falta de cuidado" do governo brasileiro. "Nós não temos cacife para isso", completou. Ressaltou que mesmo os poderosos chineses são mais cautelosos com os EUA.

Taxa de 10% já causaria problemas para exportadores

No encerramento do encontro, Lula criticou Trump | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Na avaliação do presidente da AEB, mesmo uma imposição de sobretaxa de 10% geraria problemas a produtos brasileiros — isso, mesmo se os exportadores conseguissem adequar seus preços.

Isso porque, para o mundo, ficaria a imagem de encarecimento do que é produzido por aqui. Ele destacou que o momento não é bom para dificultar exportações, que estão em queda.

Na semana passada, a Secretaria de Comércio Exterior admitiu que, este ano, a balança comercial deverá ter saldo positivo de US$ 50,4 bilhões, contra US$ 74,2 bilhões no ano passado. "Desse jeito, estamos importando desemprego", lamenta.

Apoio ao PT

Prestes a abandonar a federação com o PSDB e formar uma outra, com o PSB, o Cidadania já dá como muito provável o apoio, em 2026, à reeleição do presidente Lula. Em 2022, no primeiro turno, o partido ficou com Simone Tebet; no segundo, foi com o petista.

Polarização

Para um dirigente do partido, não será possível, na próxima eleição, romper com a polarização entre petismo e bolsonarismo — e a questão da democracia, destaca, será decisiva. Em agosto, grupos de trabalho do PSB e do Cidadania começam a detalhar a federação.

Que país?

Ministra do STF, Cármen Lúcia vai debater, em agosto, com o cantor Chico César. O tema será "Que país é este?", poema de Affonso Romano de Sant'Anna, aquele do "Uma coisa é um país, outra um ajuntamento/ Uma coisa é um país, outra um regimento".

Fidelidade

A conversa, no Museu do Amanhã, faz parte do projeto "Sempre um papo — Palavra acesa", do escritor e produtor cultural Afonso Borges. No próximo dia 29, a escritora Eliana Alves Cruz e o poeta Fabrício Carpinejar vão falar sobre "Soneto de fidelidade", de Vinicius de Moraes.