Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Governo: Trump reforçou nacionalismo da esquerda

Punições estabelecidas por Trump começam na sexta | Foto: Isac Nóbrega/PR

Ainda é cedo para estimar eventuais retaliações concretas por parte de Donald Trump, mas suas manifestações em defesa de Jair Bolsonaro e contra medidas do Brics foram comemoradas no Palácio do Planalto.

Na avaliação de auxiliares de Lula, as reclamações e ameaças do presidente norte-americano reforçam um bom momento da esquerda em redes sociais, materializado em ataques a setores do Congresso Nacional e a privilégios tributários dos mais ricos.

Outro dado importante é que os ataques de Trump permitem ao governo recuperar um nacionalismo que, nos últimos anos, foi quase monopolizado pela direita. As falas também ameaçam setores da economia brasileira que são críticos a Lula.

 

Bandeira

Não foi à toa que, em resposta a Trump, a ministra Gleisi Hoffmann, de Relações Institucionais, correu para ocupar as redes sociais. Postou que que o Brasil não é mais subserviente aos Estados Unidos e que Bolsonaro batia continência para a bandeira norte-americana.

Imperialismo

Lula foi na mesma linha, e e reafirmou a soberania brasileira. Ao falar da ameaça ao Brics, considerou irresponsável o gesto de Trump e afirmou que o mundo não precisa de imperador — referência ao conceito de "imperalismo", tão usado pela esquerda no passado.

Bolsonaristas festejam; centro direita fica preocupada

Tarcísio de Freitas é o favorito da direita | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

As manifestações de Trump foram recebidas com entusiasmo pelos bolsonaristas, mas com certo cuidado pela direita que tenta construir uma opção que busca o eleitor mais ao centro.

Para este grupo, a atitude do presidente norte-americano reforça o radicalismo dos que pregam o embate direto com o Supremo Tribunal Federal, em particular, com Alexandre de Moraes.

Uma postura que reforça o peso da família do ex-presidente no jogo político e, principalmente, o papel do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que foi para os EUA articular a campanha pelo pai e contra o STF.

Camisa amarela

Visto com desconfiança por boslonaristas por evitar criticar o STF, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), abandonou a moderação e respaldou Trump. Ao reiterar que Bolsonaro tem que ser julgado pelo eleitor, comprou briga com Moraes.

Corda bamba

A mudança de postura foi estratégica. Para uma liderança do Centrão, o governador de São Paulo não poderia deixar de apoiar o ex-presidente neste momento — sabe que sem o apoio dos bolsonaristas, não terá chance de vencer a eleição presidencial de 2026.

Torcida

Agora, a extrema direita torce para que o governo dos Estados Unidos anuncie sanções contra Moraes — no limite, as punições poderiam fazer com que o ministro do STF ficasse sem poder usar cartões de crédito, todos vinculados a bandeiras norte-americanas.

Apostas

A oposição terminou o dia com a certeza de que Trump embolou ainda mais o jogo em torno de busca de uma candidatura da direita. Havia também a convicção de que haverá um Bolsonaro na corrida presidencial — até mesmo na cabeça de chapa.