Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Planalto preferiu negociar para tentar vitórias

O governo estava certo de que venceria a disputa no Supremo Tribunal Federal sobre o aumento do IOF, mas aceitou a negociação como forma de demonstrar interesse no diálogo e de procurar garantir projetos como o do aumento da isenção do imposto de renda.

A certeza do Planalto estava baseada, principalmente, na declaração do ministro Flávio Dino, do STF, de que o caso seria resolvido "em cinco minutos". Ele não chegou a revelar seu voto, mas ficou evidente de que ficaria ao lado de Lula.

A decisão de Alexandre de Moraes de anular decisões do governo e do Congresso sobre o tema foi resultado de intensas conversas na semana passada. O caso IOF virou uma espécie de pauta paralela do Fórum de Lisboa.

 

Acordo de Lisboa

Além dele, outros ministros do STF, como Gilmar Mendes — que promove o evento — e Luís Roberto Barroso, presidente da corte, participaram das negociações. Presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também estava por lá e entrou nas discussões.

Moderador

Houve um consenso de que a crise entre os três poderes seria capaz de gerar prejuízos para todos. Agora, existe a perspectiva de que cada um abra mão de suas expectativas para que seja possível se chegar a um acordo. Coube a Moraes agir como poder moderador.

Decisão de Moraes indica vantagem do governo

Apesar de o jogo ter sido zerado, o governo avalia que tem uma vantagem: Moraes questionou os motivos que levaram o governo a usar de sua prerrogativa de aumentar o IOF, mas foi claro ao considerar inconstucional a decisão do Congresso de anular a medida.

O Planalto topa ceder, mas não quer abrir mão da ampliação da isenção do IR, de aumentar o imposto das bets e de morder ganhos dos mais ricos. Avalia, baseado em pesquisas próprias, que a campanha nas redes sociais também lhe colocou em posição vantajosa.

A possibilidade de o STF definir uma negociação foi antecipada, terça, pelo Correio Bastidores.

Xandão light

Nova piada brasiliense: a situação em torno do ficou tão complicada e ameaçadora que até o quase sempre explosivo Alexandre de Moraes preferiu desarmar a bomba e assumiu o papel de conciliador. Depois do "Dino Debochado" é a vez do "Xandão ponderado".

Pejotização

Por falar no STF: Gilmar Mendes convocou para setembro uma audiência pública para discutir a chamada pejotização, a contratação de trabalhadores como pessoas jurídicas. Em abril, ele suspendeu todos os processos trabalhistas sobre o tema.

Em nome do pai

A decisão do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de bater tambor para a pesquisa da Gerp que dá ampla vantagem a seu pai numa disputa com Lula mostra a dificuldade da direita de articular uma candidatura alternativa. Isso, apesar a inegibilidade de Jair Bolsonaro.

Dono da bola

Em post, Flávio publicou ilustração que mostra a imagem de seu pai sentado sobre 52 pontos percentuais — Lula aparece bem abaixo, com 32 pontos. "O capitão tá de volta", diz o título da montagem. Ou seja: o ex-presidente não quer saber de abençoar ninguém.