Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | PCdoB teme que esquerda empurre centro para a direita

Jandira Feghali: partido é contra ataques | Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

Nem toda a esquerda aliada ao presidente Lula aprova a estratégia carcará — pega, mata e come — adotada para atacar o Congresso, em particular, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Uma das mais experientes integrantes do grupo (cumpre seu oitavo mandato de deputada), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) diz que seu partido "não está nessa".

Para ela, é errado "empurrar o centro mais para a direita, que o disputa permanentemente". Jandira afirma que esta é uma posição não apenas dela, mas do PCdoB.

Defende que a disputa deve ser no que chama de "conteúdo": a cobrança de mais impostos de bets, bancos e bilionários, o que o PT, num vídeo, chamou de "taxação BBB".

 

BBBs na mira

Jandira afirma ser melhor falar em "povo" ao invés de "pobres": ressalta que boa parte da classe média também precisa de políticas públicas que necessitam de financiamento por parte do governo. Assim, a taxação dos BBBs seria favorável para a maioria da populaçao.

Gatinhos

A deputada disse não ter visto o governo partir para o ataque ao Congresso. Ontem, o Planalto divulgou, em suas redes sociais, vídeo em que usa gatinhos para exemplificar o que classifica de luta entre pobres e ricos em torno da questão dos impostos.

Para deputado do Psol, governo acerta ao radicalizar

Tarcísio Motta fala em repactuar relação | Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

O deputado Tarcísio Motta (Psol), também integrante da bancada da esquerda fluminense, diz que o Planalto está certo ao enfrentar "as chantagens do Congresso".

Para ele, "um governo de conciliação não pode ser um governo de subserviência, prisioneiro de um congresso que pensa antes de tudo nos interesses dos seus currais".

Segundo Motta, Lula cedeu espaços, negociou as pautas — mas o Centrão quer sempre mais. "Chegamos em um ponto em que ou governo coloca um limite ou abre mão de governar", frisa.

Em sua análise, é preciso esticar a corda para tentar repactuar a relação com o Congresso.

A paz de Ciro

As declarações do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PP-PI), à Globonews indicam que a pressão funcionou. Ele disse à âncora Daniela Lima que já há conversas entre o governo e setores do Congresso, que há espaço para cortes até em emendas parlamentares.

A voz de Hugo

No Planalto e no PT, as afirmações foram interpretadas como uma bandeira branca levantada por Hugo Motta, muito ligado a Nogueira. O entendimento passaria também por gestos do governo, como uma mudança em sua insistência em aumentar o IOF.

Diabinho

Mas o tiro ao Hugo continua: vídeo de um perfil chamado "Podiabo" no TikTok usa muitos palavrões para se referir ao presidente da Câmara. Ele é citado como responsável de, ao articular a votação contra o IOF, tirar dinhiero de escolas, saúde e segurança.

Amigos

O empresariado continua a se mobilizar contra o aumento no IOF. A Confederação Nacional das Instituições Financeiras foi ao Supremo Tribunal Federal pedir para atuar como "amicus curiae" na ação do governo que questiona a decisão do Congresso de barrar a medida.