Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Autorização para traslados irrita Itamaraty

Morte de Juliana fez governo alterar decreto | Foto: Arquivo pessoal

A decisão do presidente Lula (PT) de assinar decreto que permite ao governo bancar, em algumas situações, o traslado de corpos de brasileiros mortos em outros países gerou muita irritação no Ministério de Relações Exteriores.

Desde a última quinta-feira, quando a medida foi anunciada, que o Itamaraty passou a receber pedidos para o transporte de corpos.

Segundo o decreto, cabe ao ministério decidir os casos excepcionais em que traslado deverá ser feito com recursos públicos.

Isso poderá ocorrer em casos em que a família do morto comprovar incapacidade financeira, quando um seguro de viagem não houver sido contratado ou em "em circunstâncias que causem comoção".

 

Fragilidade

Essa última condição, por seu caráter subjetivo, foi a que mais gerou revolta no Itamaraty. Para alguns petistas, o decreto reforçou a fragilidade do governo, criticado em redes sociais por uma suposta falta de iniciativa para salvar Juliana Marins, que se acidentou na Indonésia.

Balão

Esses parlamentares do PT ressaltam que a movimentação das redes em torno do caso abafou a repercussão do acidente com balão em Santa Catarina que deixou oito mortos. O estado, lembram, é governado pelo bolsonarista Jorginho Mello (PL).

Reação do governo não anula erros de articulação

Alcolumbre ficou irritado por ter levado a culpa | Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

A tentativa do governo de usar o mote da luta entre pobres e ricos para justificar a necessidade de aumentar o IOF gera desconfianças até entre petistas.
Para eles, a iniciativa é a única que restou ao Planalto, mas não apaga as trapalhadas feitas na articulação política.

O maior erro, frisam, foi o governo ter feito acordo para derrubada dos vetos de Lula ao projeto que trata da energia eólica e, depois, fingido que nada tinha a ver com a história.

No fim das contas, a bomba foi jogada no colo do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Ele pressionou pelo acordo, mas não perdoa o governo por trair o que havia sido combinado.

Culatra

Líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ) avalia foi um tiro no pé a decisão do Planalto de recorrer à Justiça para tentar barrar a decisão do Congresso de impedir o aumento do IOF. Para ele, isso complica a vida do governo junto aos parlamentares e à população.

Mais pobres

Ressalta que, diferentemente do que diz o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o aumento do imposto não atinge apenas os mais ricos. O IOF, lembra, também incide sobre dívidas do cheque especial e do cartão de crédito. "Pega o pobre endividado", frisa.

Aliado

Para Portinho, ao recorrer ao Supremo Tribunal Federal, o governo diminui sua base, acirra a disputa com deputados e senadores, mostra "que não respeita o Congresso, que, por sua vez está muito unido". E acrescenta: indica que seu grande aliado político é o STF

Virada de fio

Além de todos os problemas, o Planalto ainda lida com o esgotamento de Haddad. No centro da crise que envolve as dificuldades de caixa do governo, o ministro demonstra estar muito cansado. Antecipou as férias de julho para junho para tentar dar uma respirada.