Por: POR TALES FARIA (interino)

CORREIO BASTIDORES | Motta e Alcolumbre ativam alarme no governo

Alcolumbre e Motta não são governo | Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

As derrotas sofridas nesta quarta-feira pelo governo na Câmara e no Senado serviram, na verdade, como um aviso ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O recado é de que os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), na verdade não são aliados como o Palácio do Planalto pensava.

São dois representantes e líderes do centrão no Congresso. Estarão ao lado do presidente da República apenas quando ele atender os pleitos do centrão.

As duas votações tiveram como pano de fundo: a) liberação do pagamento das emendas parlamentares; e b) pressão para o Executivo cobrar do STF que pare de insistir em transparência na distribuição de emendas.

 

Hugo Motta

Os articuladores políticos do governo negam que tenham ficado parados. Dizem que apelaram a Hugo Motta várias vezes. Pediam para adiar a votação da derrubada do IOF. O presidente da Câmara insistia que não tinha conversa sem o pagamento das emendas.

Alcolumbre

Davi Alcolumbre de início tentou trabalhar nos bastidores, pressionando sem bater de frente publicamente com o governo.

Mas quando viu que o aumento do número de deputados poderia não ser aprovado, abandonou a Mesa Diretora e deu o voto decisivo no painel.

Congresso atira em Haddad para ferir Lula

Para Congresso, Lula e Haddad são a mesma coisa | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Logo após os deputados votarem a derrubada do projeto do governo de aumento do IOF, no plenário do Senado se aprovava o aumento do número de deputados.

Os projetos trarão aumento de gastos e mais amarras ao ajuste fiscal tão proclamado como necessário pelos políticos e empresários.

Nas conversas, os parlamentares apontavam o ministro Fernando Haddad como culpado pela revolta. Ou por aumentar impostos, ou por não cortar gastos.

Mas o problema é que o centrão concluiu que Lula já está em campanha. Os tiros em Haddad visam arrancar de Lula recursos e acordos eleitorais.

Emendas

uando políticos gritam muito no Congresso a questão de fundo são as campanhas eleitorais. Ou melhor, dinheiro para as campanhas, que vem na forma de emendas parlamentares. E a grande reclamação no Congresso é que o governo não está liberando as emendas.

Não satisfaz

O governo bem que está tentando soltar o dinheiro cobrado pelo centrão. No entanto, não consegue satisfazer o apetite dos políticos. Nesta terça-feira, Lula dobrou o valor empenhado das emendas parlamentares. Passaram de R$ 897,7 milhões para R$ 1,72 bilhão.

Os Trumps

A dobradinha Alcolumbre-Hugo Motta nas votações dessa terça-feira deixou em pânico os articuladores políticos do Palácio do Planalto.

É como se ambos tivessem se tornado um só, com as características de um Donald Trump. Podem aprontar tudo.

Ao Bolsonaro

Alcolumbre e Hugo Motta mandram um recado aos bolsonaristas:

Não entendam a revolta desta terça-feira como uma aliança eleitoral com Jair Bolsonaro. Foi um aceno visando o centrão.

Ainda tem muita água para rolar até o grupo decidir o que fará em 2026.