O Supremo Tribunal Federal (STF) não decidirá apenas pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. A avalição na cúpula de seu próprio partido, o PL, é de que os ministros da Corte também impedirão que ele mantenha o comando sobre as forças de direita no país.

A família Bolsonaro acha fundamental assegurar este poder. Para isso, os filhos já sondaram médicos sobre a possibilidade de prisão domiciliar.

Mas antigos aliados de Bolsonaro no seu núcleo partidário consideram que ele ficará praticamente incomunicável sem acesso às redes sociais, que são a grande força do bolsonarismo. Sem isso, será impossível manter o controle que hoje detém sobre a direita.

Os defensores da candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, apostam que, sem redes sociais e sem ter como manter o comando da direita, Bolsonaro verá seu eleitorado dividido. Será obrigado, então a passar o bastão para Tarcísio.

Ministros do Supremo Tribunal Federal que formam maioria pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro têm se mostrado decepcionados com o colega Luís Fux. Para eles, Fux funcionou como linha auxiliar da defesa durante o depoimento de Bolsonaro.

Assim que os líderes do União Brasil e do Partido Progressistas anunciaram o fechamento de questão das duas bancadas contra a aprovação de qualquer aumento de impostos, a coluna procurou um líder do governo para saber como o Planalto ia fazer para sair da encrenca.

"Isso tudo é puro jogo de cena. Não interessa a ninguém que esse jogo fique embaralhado", disse o líder.

De fato, há muito tempo para os dois lados negociarem a solução. A medida Provisória tem 120 dias para ser votada. Só tranca a pauta a partir do segundo semestre. E o centrão negocia colocar como relator o deputado petista Carlos Zaratini (SP).

Procurado pela coluna, Carlos Zaratini diz que espera mesmo ser nomeado relator: "Foi combinado." Diz que não vê problema para aprovação da MP. E lembra que o governo já está pagando as emendas parlamentares cujo bloqueio é causa de todo o mal estar no Congresso.

A nota em que União Brasil e PP anunciaram o fechamento de questão deixou aberta uma pista de qual será o acordo. Texto diz que partidos fecharão questão contra aumento de impostos que "não venha acompanhado de uma vigorosa e crível lista de cortes".

Lula telefonou de fato para o ministro da Fazenda, se solidarizando contra o bulling dos bolsonaristas no Congresso. Mas no Palácio do Planalto já surgem preocupações com a falta de paciência de Fernando Haddad. No início do governo ele negociava com mais calma.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, deixa claro que a briga pela MP serve como discurso eleitoral: "A oposição defende cortar impostos do andar e cima e investimentos para os pobres. Nós vamos à rua e quero ver se eles manterão esse discurso."