Por: POR FERNANDO MOLICA

Em 2018, Lula negou fuga e previu saída de acusadores

Mujica e Lula em Santana do Livramento (RS) | Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

A fuga da deputada Carla Zambelli e o auto-exílio do colega Eduardo Bolsonaro (ambos são do PL paulista) indicam uma espécie de profecia de Lula.

Em 19 de março de 2018, 19 dias antes de ser preso, o então ex-presidente foi a Santana do Livramento, cidade gaúcha que fica numa fronteira aberta — basta atravessar a rua para se chegar ao município uruguaio de Rivera.

Lula, em discurso, lembrou que estava sendo processado e disse, numa referência a um exílio, que poderia "dar um pulo ali" (no Uruguai). "Não dou", acrescentou.

Em seguida, completou: "Mais dia menos dia, quem vai sair do país são meus acusadores".

Hostilizado


No ato estavam presentes os ex-presidentes do Uruguai Pepe Mujica e do Equador Rafael Correa. Santana do Livramento foi a segunda parada de caravana do petista pelo Rio Grande do Sul. Pela manhã, ele havia sido hostilizado em Bagé, e obrigado a mudar seu itinerário.

Rota


Depois de preso, Lula afirmou ter recusado a sugestão de correligionários defendiam sua fuga para o exterior para escapar da punição. Repetiu que queria provar sua inocência. O destino mais óbvio era o Uruguai, então presidido por Tabaré Vazquéz, também de esquerda.

Temor


A saída de Zambelli do país aumentou a preocupação de denunciados pela tentativa de golpe de Estado, entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Há no grupo o temor de que a fuga sirva de pretexto para a decretação de prisão de alguns deles.

Abandonada


Condenada a dez anos de prisão por invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça, a deputada já vinha sendo rejeitada por Bolsonaro. Para ele, Zambelli teve influência direta em sua derrota ao, na véspera da eleição, perseguir um adversário de arma em punho.