Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Lei ambiental deve esbarrar em decisão do STF

Zanin foi relator de ADI contra código gaúcho | Foto: Carlos Moura/STF

Decisão do Supremo Tribunal Federal que declarou inconstitucionais artigos de leis gaúchas deve servir de precedentes para questionamento a projeto aprovado pelo Senado que facilida o licenciamento ambiental.

A proposta de lei foi classificada de "golpe de morte" pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

No mês passado, o plenário do STF aprovou, por maioria, voto do ministro Cristiano Zanin que, entre outros pontos, limitou a emissão de Licença Ambiental de Compromisso (LAC) apenas para casos de atividades e empreendimentos de baixo potencial degradador.

Essa licença é concedida pelo próprio empreendedor, que se compromete a respeitar requisitos estabelecidos por órgãos estatais.

 

Libera geral

O projeto aprovado pelo Senado prevê que a LAC seria válida para empreendimentos de um modo geral, faz exceção apenas para aqueles que teriam impacto significativo no meio ambiente. Autoriza até atividades e os empreendimentos de pecuária intensiva de médio porte.

Voo direto

Emenda do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), criou a Licença Ambiental Especial (LAE). Será uma licença única, que dispensará etapas e terá prioridade em sua análise. Será válida para projetos que tenham sido onsiderados prioritários pelo governo.

Advogado ressalta que corte não abriu mão de etapas

Augusto Aras questionou lei ambiental no Supremo | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

De acordo com decisão do STF na Ação Direta de Inconstitucionalidade 6.618, a Licença Única também só pode ser aplicada em projetos de baixo risco ambiental.

Advogado que atuou no processo em nome do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do RS, Alexandre Noal dos Santos diz que a corte foi clara ao dizer que não se pode abrir mão de etapas no processo de licenciamento.

Com isso, determinou a concessão de licenças Prévia, de Operação e de Instalação.

O STF também declarou inconstitucional a Licença de Operação e Regularização que permitia funcionamento de atividades não aprovadas.

Outras decisões

A ADI 6.618 contra leis ambientais gaúchas foi proposta pelo então procurador-geral da República, Augusto Aras. Noal dos Santos diz que outras decisões do STF reforçam a necessidade de respeito a princípios constitucionais relativos à proteção do meio ambiente.

Quem pode

Todas as ações precedentes podem ser utilizadas na eventual contestação às medidas aprovadas pelo Senado caso sejam aprovadas na Câmara e sancionadas pelo presidente da República. Sindicatos e partidos políticos estão entre entidades que podem propor ADIs.

Disputa

Líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ) se recusa a dizer nomes que pensa em indicar indicar para representar a bancada na CPMI que investigará a roubalheira no INSS. Segundo ele, a briga por vagas é muito grande: "Todo mundo quer", explica.

Fora da ordem

Na briga pela anistia, Sóstenes aceitou preparar uma minuta de substitutivo a projetos que já tramitam. Mas deixou claro para o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) que essa etapa só deveria ocorrer em comissões e no plenário.