Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Decisão do STF contribuiu para esvaziar anistia

Suspensão beneficiaria Ramagem e outros réus | Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Ao não suspender integralmente a ação contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), o Supremo Tribunal Federal deu uma boa esfriada na campanha pela anistia. A perspectiva de diminuição de penas de condenados também contribuiu para esvaziar a proposta.

Mesmo no PL, o tema acabou sendo substituído pelo escândalo do INSS, um assunto mais popular, ainda que tenha potencial para gerar problemas também para o governo de Jair Bolsonaro.

No partido, a possibilidade de suspensão do processo era vista com a saída para livrar o ex-presidente do processo, ainda que temporariamente — pela interpretação feita pela maioria da Câmara, todos os denunciados na ação penal seriam beneficiados.

 

Centrão

A decisão foi muito sentida por deputados do Centrão, que haviam votado a favor de Ramagem — alguns viam na medida uma saída uma alternativa para retardar o andamento de prováveis processos contra eles, principalmente os relacionados com emendas.

Precaução

Diante da decisão unânime da Primeira Turma do Supremo, mesmo esse grupo de parlamentares demonstra ter reavaliado sua posição. Experientes, eles sabem que, em situações como essas, é melhor não provocar um antagonista tão poderoso quanto o STF.

PDT: falta de cargos explica saída da base

Carlos Lupi, ex-ministro da Previdência | Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Um deputado do PDT diz que a saída do presidente do partido, Carlos Lupi, do Ministério da Previdência foi apenas o pretexto para o rompimento da bancada com o governo.

Segundo ele, o motivo verdadeiro passa muito longe de uma solidariedade ao ex-ministro e está relacionado com a pouca importância que Palácio do Planalto dá ao PDT.

A insatisfação, como o Correio Bastidores registrou ao longo de 2024, vem de longe. Há muito que a bancada vinha se queixando da falta de dois combustíveis essenciais na relação com o Congresso: cargos e liberação de emendas. Os problemas já tinham sido levados a Lupi.

É do Davi...

Para a bancada, o fato de o novo ministro da Previdência, Wolney Queiroz, ser filiado ao PDT não tem importância. Na avaliação deles, partido não tem ministério — Waldez Góes, da Integração Regional, é da cota do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Patinho feio

O caso do União é sempre citado como exemplo: o partido de Alcolumbre tem 60 deputados, mas só entregaria menos de 20 votos ao governo. Mesmo assim, manda em três ministérios. O PDT tem 17 deputados, quase sempre vota com o Planalto e não seria recompensado.

Mágoa

Outro motivo de insastifação está relacionado com o que pedetistas classificam de falta de atenção. É aquela história de o presidente Lula ir num estado, inaugurar obra, fazer discurso — e não citar a presença de deputados da base. Deputados também ficam magoados.

Necessidade

A birra do PDT não deverá ter consequências em votações mais simbólicas, como no caso da isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. O problema será mais sentido em pautas menos badaladas. "O governo sempre precisa de votos", diz o deputado.