Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | INSS: governo vai lavar as mãos em relação a Lupi

Presidente do PDT teve que deixar ministério | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

A prioridade do governo na CPMI do INSS será, claro, tentar jogar o grosso da culpa pelo escândalo nas costas do mandato de Jair Bolsonaro.

Mas o Planalto e parlamentares governistas já decidiram que não vão fazer qualquer esforço para aliviar eventuais responsabilidades do presidente do PDT, Carlos Lupi.

Ele foi constrangido a deixar o cargo de ministro da Previdência dias depois da operação da Polícia Federal contra as fraudes.

A lavagem de mãos por parte está relacionada à decisão da bancada do PDT na Câmara de deixar a base governista quatro dias depois de Lupi entregar o posto.

O fato de o novo ministro, Wolney Queiroz, ser filiado ao partido e ter integrado a equipe do ex não impediu a tomada de posição.

 

Palanque

O Planalto acredita que o rompimento não impedirá que a grande maioria dos 17 deputados pedetistas continue a votar afinada com o governo. Mas não gostou nada da atitude, que deu mote para o ex-ministro Ciro Gomes fizesse novas críticas à gestão Lula.

Indicação

"O governo não vai agasalhar problemas" é a frase que circula entre governistas. A situação de Lupi tende a se complicar, já que ele assumiu a responsabilidade pela nomeação de Alessandro Stefanutto, afastado do cargo por ordem judicial e, logo depois, demitido.

Consenso: CPMI vai espalhar lama para todos os lados

Collor assinou lei que permitiu descontos | Foto: Jefferson Rudy/Senado

Governistas, oposicionistas e até a turma do Centrão — que ora vai para um lado, ora para outro — sabem que a CPMI tende a espalhar lama para todos os lados.

Um esquema de roubalheira tão simples, lucrativo e abrangente só ficou de pé por tanto tempo graças a parcerias com integrantes de diferentes governos.

Vale lembrar que a autorização para que entidades fizessem descontos nos vencimentos de aposentados ocorreu em lei assinada por Fernando Collor de Mello, em 1991.

A fraude começou a crescer ainda no governo de Michel Temer e ganhou peso nos mandatos de Bolsonaro e Lula.

Ascensão

Como a coluna mostrou, de 11 entidades consideradas mais suspeitas, sete assinaram acordos com o governo durante o mandato de Bolsonaro. Dois deles foram firmados por José Carlos Oliveira, então diretor de benefícios do INSS, que, depois, virou ministro do Trabalho.

Irmãos

Primeiro-secretário da Câmara, Carlos Veras (PT-PE) é irmão de Aristides Veras Santos, ex-presidente e ex-secretário de Finanças e Administração da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), outra entidade suspeita de desviar dinheiro de aposentados.

Acordão

Deputados de vários partidos — de esquerda, do Centrão, do PSDB e do PR (hoje, PL) — fizeram acordo para retirar, de medida provisória enviada por Bolsonaro ao Congresso, artigo que determinava obrigatoriedade de revalidação anual de autorizações para descontos.

Vetos

A retirada acabou sendo feita pelo relator da MP, o então deputado bolsonarista Paulo Martins. E, como o Correio Bastidores mostrou, coube ao então presidente vetar artigos que impediam acesso de empresas e entidades conveniadas ao INSS a aposentados.