Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Para Centrão, anistia indica isolamento do PL

Para pelo menos dois deputados do Centrão, a decisão do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), de esperar deputados no aeroporto de Brasília para tentar assinaturas pró-anistia revela que o projeto ficou restrito ao bolsonarismo.

Para não brigar com seus eleitores, um dos deputados admite votar a favor da proposta, mas diz preferir que ela não chegue ao plenário.

Segundo ele, a imagem de Sóstenes no desembarque, cercado de militantes a favor e contra o projeto, revela isolamento agravado pelas ofensas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Repub-PB), no ato de domingo.

Semana passada, Sóstenes disse à coluna que Motta seria "homenageado" se continuasse a não pautar a anistia.

 

Posição

A decisão de Sóstenes de caçar assinaturas também indica, afirmam, um gesto político de marcar solidariedade com Jair Bolsonaro, presos pelo 8 de Janeiro e eleitores mais radicais. Estes tendem a rejeitar quem agora não embarcar de cabeça no projeto.

Olho na vaga

A presença de sete governadores na manifestação de domingo também foi vista mais como um aceno aos eleitores do que como gesto de solidariedade. Do grupo, quatro são potenciais candidatos à Presidência em 2026 — todos precisam do voto bolsonarista.

Posição de Bolsonaro reforça o nem-nem de empresários

O tarifaço decretado por Donald Trump aumentou ainda mais o nem-nem — nem Lula, nem Bolsonaro — de setores importantes do empresariado.

Para integrantes desse grupo, ao apoiar medidas do norte-americano, o ex-presidente, a exemplo do que ocorreu na pandemia, revela preferir suas convicções aos fatos, mesmo em casos que envolvam interesses nacionais.

A manifestação de Bolsonaro, que contrariou exportadores, serviu para fortalecer ainda mais o quase consenso do empresariado e do mercado financeiro em torno de uma candidatura à Presidência de Tarcísio de Freitas (Repub), governador de São Paulo.

Dá liga

Advogado especializado na área esportiva, o senador Carlos Portinho (PL-RJ) afirma considerar viável a possibilidade de competições nacionais de futebol passarem a ser administradas por ligas organizadas pelos clubes. A CBF cuidaria apenas de seleções.

Convencimento

Para isso, porém, seria necessário superar questões legais, relacionadas ao caráter das ligas, e financeiras: reconhecida pela Fifa e, portanto, dona do que ele chama de "franquia do futebol brasileiro", a CBF precisaria ser convencida de que lucraria mais com o novo modelo.

Novas SAFs

Portinho conseguiu incluir em projeto que já foi aprovado pelo Senado emenda que autoriza as ligas brasileiras a se constituírem como SAFs, sociedades anônimas de futebol, modelo já adotado por alguns clubes. A proposta está na Câmara dos Deputados.

Diferenças

Hoje, diz, as duas ligas que reúnem grandes times — Libra e Forte — têm estruturas jurídicas diferentes, o que atrapalha a realização de projetos em comum. A constituição de SAFs favoreceria a possibilidade de uma mudança na organização do Campeonato Brasileiro.